Title: | Educação das relações étnico-raciais: branquitude e educação das ciências |
Author: | Nascimento, Carolina Cavalcanti do |
Abstract: |
Esta tese tem como objetivo investigar as implicações das percepções de professoras e professores sobre o significado de ser branca(o) para a educação das relações étnico-raciais. Além disso, ela busca identificar a relação entre branquitude e eurocentrismo na educação e analisar os efeitos da branquitude para a educação das ciências. A pesquisa foi desenvolvida considerando a metodologia campo-tema, a qual valoriza a história dos contextos experienciados durante os processos de investigação e escrita, e contou com a participação, através de entrevistas e interações informais, de professoras(es) de diferentes áreas do conhecimento científico que atuavam no Programa Projovem Campo Saberes da Terra, junto a estudantes de comunidades remanescentes quilombolas e indígenas. A análise foi desenvolvida considerando os aportes teóricos dos Estudos Decoloniais e Estudos Críticos da Branquitude, entendendo que a branquitude é uma construção sócio-histórica inserida em um projeto de dominação colonial eurocentrado. Portanto, a branquitude se trata de uma ideologia pautada na falsa ideia de superioridade da raça branca e que, na estrutura social racializada, implica privilégios/vantagens materiais e simbólicos às pessoas identificadas como brancas, enquanto o racismo opera contra as pessoas negras e indígenas. A pesquisa apontou, a partir das análises, que: (i) assim como a branquitude possui um lugar de ?normatividade? na estrutura social racializada, o conhecimento científico moderno também é considerado como ?normativo?, ambos em decorrência do processo colonizador de poder, ser e saber; (ii) a falta de consciência ou consciência parcial sobre os significados sociais de ser branca(o) mantém a lógica eurocentrada nos processos educacionais; (iii) a hesitação das pessoas em se identificarem racialmente como brancas não as impede de demarcarem racialmente outras pessoas como negras e indígenas, bem como demarcar, racial e genericamente, conhecimentos afrocentrados e indígenas como ?outros?; (iv) o pacto narcísico em torno dos significados sociais de ser branca(o) está relacionado com o silenciamento acerca da relação entre a Ciência Moderna e a branquitude; e (v) a prática docente junto à estudantes negras(os) e indígenas não garante às(aos) professoras(es) brancas(os) a consciência sobre os privilégios/vantagens raciais e nem a consciência sobre a importância de uma postura crítica diante da branquitude. Assim sendo, o engajamento de professoras(es) brancas(os) na construção de uma educação científica antirracista pressupõe a dupla consciência racial de ser branca(o) e práticas antirracistas. Abstract: This thesis aims to analyze the implications of the perceptions of science teachers on the social meanings of being white for the education of ethnic-racial relations. In addition, it seeks to investigate the relationship between whiteness and eurocentrism in science teaching and to identify the effects of whiteness on science education. The research was developed considering the field-theme methodology, which values the history of the contexts experienced during the research and writing processes, and counted on the participation, through interviews and informal interactions, of teachers from different areas of knowledge who worked in the Projovem Campo Saberes da Terra Program, with students from the remaining quilombola and indigenous communities. The analysis was developed considering the theoretical contributions of Decolonial Studies and Critical Studies of Whiteness, understanding that whiteness is a socio-historical construction inserted in a project of eurocentric colonial domination. Therefore, whiteness is an ideology based on the false idea of the superiority of the white race and that, in the racialized social structure, implies material and symbolic privileges/advantages to people identified as white while racism operates against black and indigenous people. The research pointed out, based on the analyzes, that: (i) just as whiteness has a place of ?normativity? in the racialized social structure, modern scientific knowledge is also considered as ?normative?, both due to the process of colonizing power, being and knowing; (ii) the lack of awareness or partial awareness about the social meanings of being white maintains the Eurocentric logic in educational processes; (iii) people's hesitation in call themselves as white people don't prevent them to racially demarcate others as black or indigenous people as well as demarcating, racially and genetically, afrocentric and indigenous people knowledge as \"other\"; (iv) the narcissistic pact around the social meanings of being white is related to the silence about the relationship between Modern Science and whiteness; and (v) teaching practice with black and indigenous students does not guarantee white teachers awareness of racial privileges/advantages or awareness about the importance of a critical stance towards whiteness. Therefore, the engagement of white teachers in the construction of an anti-racist scientific education presupposes the dual racial awareness of being white and anti-racist practices. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica, Florianópolis, 2020. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/219478 |
Date: | 2020 |
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PECT0461-T.pdf | 1.383Mb |
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