Title: | Buracos negros na linguagem audiovisual da ficção científica: análise de Jornada nas Estrelas |
Author: | Teixeira, Alessandra de Souza |
Abstract: |
Nesta pesquisa foi desenvolvida uma análise da linguagem audiovisual de duas séries e um filme da franquia de ficção científica utópica Jornada nas Estrelas: o episódio Amanhã é Ontem de ?Jornada nas Estrelas ? A Série Clássica? (1966-1969), os episódios Paralaxe e Caçadores de ?Jornada nas Estrelas ? Voyager? (1995-2001) e trechos do filme ?Star Trek? (2009). Tais obras têm um elemento comum em seus enredos: os buracos negros. Em algumas obras o buraco negro é tema central, enquanto em outras atua como pano de fundo, levando a outras causalidades. O ambiente temporal se passa nos séculos XXIII e XXIV (dependendo da obra) e o espacial é a própria Via Láctea, pois são histórias sobre seres humanos, cuja jornada se iniciou no planeta Terra. A análise buscou identificar elementos da textualização audiovisual que produzem efeitos de sentidos sobre buracos negros, e como estão associados ao que a linguagem audiovisual nos faz lembrar, ainda que inconscientemente. Utilizaram-se como referencial elementos da linguagem audiovisual, fundamentados em Xavier (2008) e Bordwell e Thompson (2013); elementos da ficção científica, fundamentados em Piassi (2007, 2012) e discussões relativas à comunicação científica em Fleck (2010). As análises buscaram mostrar os diferentes termos usados para buraco negro em cada episódio analisado (em trechos de cenas), as diferentes participações dos buracos negros nas narrativas, as diferentes visualizações dos buracos negros e os diferentes aspectos científicos relacionados com buracos negros em cada episódio e filme. Os resultados obtidos permitiram mostrar que o buraco negro nas narrativas possui impacto direto nas tramas que se desenrolam, ou seja, o objeto não serve apenas como recurso ou um detalhe científico; ele acaba fazendo parte do enredo de forma efetiva. Este é um aspecto apontado como característico do trabalho de Gene Roddenberry, criador de Jornada nas Estrelas, pois em sua concepção, a ficção científica trata sobre histórias de pessoas, não de objetos científico-tecnológicos. O foco está no indivíduo e como ele interage com as tecnologias, individualmente e coletivamente. Os efeitos de sentidos da atração gravitacional do buraco negro nos episódios foram bastante evidentes, com os movimentos de câmeras, os puxões que as naves sentiam e até rachaduras no casco da nave (no filme de 2009). Outro aspecto que merece destaque é a imagem do buraco negro que sofreu alterações consideráveis ao longo dos anos: no episódio da Série Clássica não há imagem exclusiva que remete ao objeto, enquanto na Voyager há diversas imagens, com diferentes padrões de cores, com destaque para o segundo episódio em que os efeitos sonoros lembram o som de uma tempestade, fazendo o telespectador lembrar que o buraco negro é algo negativo. A forma como os planos e os ângulos variam, o que é mostrado na tela e o que não é, os efeitos visuais, a sonoplastia, as falas, ou seja, a montagem de cada obra encarna um buraco negro diferente, mas com semelhanças sutis. Esses estudos abrem um leque de possibilidades para a inserção de leituras da linguagem audiovisual da ficção científica no ensino de física no ensino médio e em cursos de formação inicial e continuada de professores de física. No contexto da educação científica e tecnológica, justifica-se pela capacidade que a televisão, o cinema e a internet têm de impactar na sociedade e influenciar diferentes culturas. A ficção científica, em seu formato de filmes e séries, pode favorecer meios de identificação cultural através da aproximação entre ciência e ficção. Além disso, o gênero ganha relevância quando o assunto é educação em ciências, uma vez que apresenta variadas formas para refletir sobre o futuro e sua relação com a ciência. Abstract : The aim of this research was to develop an analysis of the audiovisual language of two series and a film of the utopian science fiction franchise Star Trek: the episode Tomorrow is Yesterday of \"Star Trek - The Original Series\" (1966-1969), the episodes Parallax and Hunters of \"Star Trek - Voyager\" (1995-2001) and excerpts from the film \"Star Trek\" (2009). Such works have a common element in their plots: black holes. In some works the black hole is a central theme, while in others it acts as a backdrop, leading to other causalities. The temporal environment takes place in the XXIII and XXIV centuries (depending on the work) and the spatial environment is the Milky Way itself, because they are stories about human beings whose journey had begun on planet Earth. The analysis sought to identify elements of audiovisual language that produce meaning effects on black holes, and how they are associated with what audiovisual language reminds us, albeit unconsciously. Elements of audiovisual language were used as reference, based on Xavier (2008) and Bordwell and Thompson (2013); elements of science fiction, based on Piassi (2007, 2012) and discussions on scientific communication, according to Fleck (2010). The analyzes sought to show the different terms used for black holes in each episode analyzed (in excerpts from scenes), the different participations of the black holes in the narratives, the different views of the black holes and the different scientific aspects related to black holes in each episode and movie. The results obtained showed that the black hole in the narratives presents a direct impact on the plots that unfold, that is, the object does not only serve as a resource or a scientific detail; it ends up being part of the plot effectively. This is a characteristic aspect of Gene Roddenberry work, creator of Star Trek, because in his conception, science fiction deals with stories of people, and not of scientific-technological objects. The focus is on the individual and how interacts with technologies, individually and collectively. The meaning effects of gravitational attraction of the black hole in the episodes were evident, with the movements of cameras, the pulls that assailed the starships and even cracks in the starship hull (in the 2009 film). Another aspect that deserves to be highlighted is the image of the black hole that has undergone considerable changes over the years: in the episode of the Original Series there is no exclusive image that refers to the object, while in Voyager there are several images with different color patterns, especially the second episode in which the sound effects resemble the sound of a storm, making the viewer remind the black hole as something negative. The way the planes and the angles vary, what is shown on the screen and what is not, the visual effects, the sound design, the speech, that is, the assembly of each work embodies a different black hole, but with subtle similarities. Such studies open a range of possibilities for the insertion of readings on science fiction audiovisual language in the Physics teaching for high school grades and for courses of initial and continuing training of Physics teachers. In the context of science and technology education, it is justified by the ability of television, cinema and Internet to impact on society and influence different cultures. Science fiction, in its film and series format, may favor means of cultural identification through the approximation of science and fiction. In addition, the genre gains relevance when it comes to education in science, since it presents a variety of ways to reflect on the future and its relation to science. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica, Florianópolis, 2019. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/211663 |
Date: | 2019 |
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PECT0393-D.pdf | 3.272Mb |
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