Abstract:
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As Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil vêm passando por uma série de transformações necessárias para o desenvolvimento de uma educação acessível a todos. Percebe-se que, o estabelecimento de políticas acessíveis e inclusivas é o único meio efetivo para a realização destas ações, por via de programas ou núcleos de apoio já existentes ou a serem criados nestas instituições. Quando se pensa na inclusão dos alunos surdos, o primeiro ponto é a acessibilidade linguística, proporcionada através da presença do profissional intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). O objetivo geral desta pesquisa é, portanto, investigar a prática dos intérpretes educacionais junto a alunos surdos, em uma instituição de ensino superior, a partir das práticas inclusivas vivenciadas, focalizando e avaliando aspectos dessa experiência através da análise dos seguintes objetivos específicos: verificar como acontecem as políticas de inserção deste profissional em uma instituição de ensino superior, traçar o perfil deste intérprete, e, ainda, discorrer sobre as práticas de atuação, desenvolvidas por este, nos espaços educacionais em questão. A pesquisa realizada é de caráter qualitativo, realizada através de um estudo de caso, além do estudo documental. Para a coleta de dados, a priori, realizou-se uma observação exploratória, na qual foram levantadas informações iniciais sobre os dados da pesquisa, alcançando novas ideias e ou esclarecimentos sobre o assunto, com o intuito de tornar possível um entendimento mais claro sobre o objeto de estudo. Em seguida, foi concretizado, durante dez semanas, o trabalho de campo propriamente dito, através das observações das aulas teóricas e práticas, com roteiros previamente estabelecidos. Todas as informações foram registradas em um diário de campo. Para a coleta dos elementos específicos, optou-se pela entrevista estruturada, realizada com quatro membros do núcleo que coordena os intérpretes, composta de quatro alunos surdos e quatro intérpretes, atuantes na graduação e na pós-graduação. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de se estabelecer uma política institucional, voltada à atuação do intérprete de Libras, e, ainda, um conhecimento aprofundado, por parte das instituições, sobre o papel do intérprete, suas atribuições e seus limites nestas. Percebe-se, também, a obrigação de se estudar e de se refletir sobre as práticas utilizadas, amadurecer as ideias e as ações inerentes a este grupo, os quais, na maioria das vezes, não possuem uma formação específica adequada. Observa-se que, apesar da instituição possuir um conhecimento teórico sobre a acessibilidade e a inserção de pessoas surdas, há muito, ainda, a ser realizado, no que se refere a uma efetiva inclusão. Por fim, entende-se que, para uma eficaz atuação deste profissional no ensino superior, estas instituições de ensino tem o desafio de buscar compreender referido processo de inclusão de uma maneira ampla, refletindo sobre o seu papel, como participante deste processo, e, não apenas como disponibilizadora do serviço de interpretação, visto que, tão somente a presença do intérprete em sala de aula não garantirá que esta inclusão aconteça. Ocorre que, existe um prisma que emoldura este fazer, onde os pilares são professores, alunos e intérpretes, incidentes no cume denominado instituição. |