Abstract:
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A pesquisa que envolve a fala tem abordado a questão da inteligibilidade para entender como determinados aspectos fonológicos afetam a comunicação entre indivíduos que têm línguas-maternas diferentes, e que também usam inglês como uma segunda língua (L2). Assim, pesquisas empíricas são necessárias para informar o ensino, especialmente, no que tange aspectos da pronúncia da L2 que devem constituir o foco de instrução na sala de aula. Portanto, o presente estudo investigou a inteligibilidade das vogais altas anteriores do inglês focando (1) nas características acústicas das vogais altas anteriores do inglês produzidas por aprendizes brasileiros, (2) nos perfis dos ouvintes (proficiência da L2 e tempo de residência no Brasil), e (3) na familiaridade e frequência do léxico. Os falantes foram 20 estudantes brasileiros que gravaram sentenças contendo palavras com as vogais altas anteriores do inglês, /?/ e /?/. Para observar como essas categorias vocálicas organizavam-se na interlíngua dos falantes e, assim, selecionar os dados para o teste de inteligibilidade, plotagens dos dados em versão normalizada e não-normalizada foram obtidas. Para testar os efeitos de proximidade espectral na inteligibilidade dessas vogais, um critério baseado na proximidade espectral do primeiro formante (F1) foi estabelecido. Inteligibilidade foi avaliada com o uso de transcrição ortográfica (Derwing & Munro, 2005), e os ouvintes foram 32 usuários de inglês de 11 línguas-maternas diferentes. A análise acústica demonstrou que as vogais altas anteriores do inglês foram produzidas como vogais equivalentes (Flege, 1995), e tendiam a sobrepor-se. Resultados concernentes à inteligibilidade indicaram que a vogal tensa foi mais ininteligível, pois era inadequadamente transcrita como a vogal frouxa. Em uma análise qualitativa, considerando o item lexical que continha cada vogal, observou-se que processos fonológicos presentes nessas palavras, tais como desvozeamento de consoantes e palatalização, afetaram consideravelmente a inteligibilidade da fala. Além do mais, efeitos da proficiência do ouvinte na L2 foram testados e proficiência demonstrou-se ser uma importante característica individual para aferição da inteligibilidade da fala, pois observou-se que o nível de inteligibilidade aumentava juntamente com o nível de proficiência do ouvinte. O tempo de residência dos ouvintes no Brasil foi investigado como um indicador indireto de familiaridade com sotaque, mas as correlações não indicaram resultados significativos. Para analisar frequência lexical, o Corpus of Contemporary American English (COCA) foi utilizado. A familiaridade dos ouvintes com o léxico utilizado no teste de inteligibilidade foi também observada. As correlações revelaram que a relação entre frequência lexical, familiaridade com o léxico, e respostas corretas no teste de inteligibilidade eram significativas, demonstrando que quanto mais frequente o item lexical, mais familiar e mais inteligível era esse item também. Em suma, resultados demonstram que as vogais altas anteriores, quando não distinguidas, podem influenciar negativamente a inteligibilidade. Não obstante, existem outras variáveis linguísticas e variáveis relacionadas ao ouvinte que estão propensas a influenciar na decodificação da fala que, em investigações referentes à inteligibilidade, podem ser observadas em diferentes níveis (vogal, consoante, e nível da palavra).<br>
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