Crack: histórias de vida de moradores de rua

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Crack: histórias de vida de moradores de rua

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Título: Crack: histórias de vida de moradores de rua
Autor: Morera, Jaime Alonso Caravaca
Resumo: RESUMO A capilaridade do consumo de crack e o problema da moradia na rua são fenômenos que desafiam a sociedade brasileira na atualidade e lamentavelmente avançam a um passo acelerado. Esses fatores motivaram a realização desta pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória de cunho sócio-histórico que objetivou compreender o modo de viver dos moradores de rua usuários de crack, a partir das suas histórias de vida e dos fatores que os levaram a se envolverem com o crack. Trata-se de uma pesquisa que utilizou como referencial teórico os conceitos de Estigma de Erving Goffman e das histórias de vida como técnica para coletar as informações. Os participantes do estudo foram dez moradores de rua da cidade de Florianópolis, Santa Catarina; com idade compreendida entre os 18 e 35 anos. Os dados foram coletados nos principais fumódromos do Bairro Central da cidade, durante os meses de fevereiro e maio de 2013 por meio de uma entrevista semiestruturada. O projeto de pesquisa foi aprovado no dia 22 de fevereiro de 2013 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina CEP/UFSC sob parecer nº 202.673. A análise dos dados seguiu os preceitos de Laurence Bardin, da qual surgiram 6 grandes categorias, o que possibilitou a produção de 3 manuscritos que dialogavam com os objetivos específicos da pesquisa. No primeiro manuscrito, intitulado Entre batalhas e pedras: histórias de vida de moradores de rua, usuários de crack, o objetivo foi descrever as experiências cotidianas dos moradores de rua e os significados atribuídos ao crack, aqui foram expostas as categorias: Vida na rua: entre batalhas e sobrevivência e Crack: a maldição que fascina onde se evidenciam as lutas cotidianas na rua e os significados impostos ao crack. A rua foi concebida como um espaço urbano, fugaz, repleto de lutas, estigmas e liberdades simbólicas. E o crack foi compreendido como um espírito dicotómico: vida vrs morte. No segundo manuscrito, intitulado: Do “conforto” da casa às dificuldades da rua: a14 subjetividade das relações familiares, o objetivo foi analisar a interação entre o morador de rua e seu contexto familiar; aquilo que o levou à situação de crack-dependente. Foram apresentadas as categorias: Lar doce lar? O meu era feito de fel e A violência como parte do cotidiano familiar. Aqui os resultados destacam que a ausência de regras, limites, comunicação e afeto, assim como os diferentes tipos de violência dentro do núcleo familiar foram variáveis que colaboraram com o inicio do consumo de drogas, o que, posteriormente, conduziu-os ao uso de crack e à moradia de rua. No terceiro manuscrito: A gênese: o caminho socioeconômico ao consumo de crack e a moradia na rua, o objetivo foi identificar, por meio das histórias de vida, os fatores sociais e econômicos predisponentes no uso do crack e a opção pela moradia na rua. Foram abordadas as categorias: Fatores sociais: a escola e o grupo de pares e Fatores econômicos: convivendo com a pobreza, onde foi desvelado que a evasão escolar, ausência de limites e normativas sociais, consumo de drogas na comunidade, amigos consumidores, ócio, desorganização comunitária, baixa renda, desemprego e a disponibilidade da droga/tráfico foram elementos chave que facilitaram a aproximação com o crack e, posteriormente, a moradia na rua. Conclui-se que a vida nas ruas é o resultado das interações com famílias fragilizadas, em que a violência fazia parte do cotidiano e a desatenção/desamor eram parceiros inseparáveis. Esses sujeitos também conviveram com outros fatores, como o abandono escolar, grupos de amigos consumidores de drogas, pobreza e comunidades em risco social. As interações com estes fatores nutriram as fragilidades e favoreceram o “acolhimento” das ruas como possibilidade de moradia e o crack como parceiro permanente de vida.ABSTRACT The rise of crack consumption and the problem of the appropriation of living in the streets are phenomena that defy the Brazilian society which unfortunately is currently progressing at a rapid pace. Those factors were what motivated the realization of this qualitative, descriptive, socio-historical and exploratory research aimed at understanding the way of life of homeless crack using people from their life stories and the factors that led them to being involved with crack. This is an qualitative investigation that used as a theoretical referential, the concepts of Stigma by Erving Goffman and life stories as its technique to collect data. The study participants were that of 10 homeless crack users in the city of Florianopolis, Santa Catarina, with ages between 18 and 35 years. Data were collected in the Central District of the city during the months of February and May 2013 through semi-structured interviews. The research project was approved on February 22, 2013 by the Research Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina REC/UFSC by declaration No 202.673. The data analysis followed the precepts of Bardin, which gave rise to 6 major categories and enabled the production of 3 manuscripts that aligned with the specific objectives of this research. In the first manuscript entitled: Between battles and stones: life stories of crack using homeless people derived the following categories: “Life on the street: between battles and survival” and “Crack: the curse that fascinates.” Here we showed the everyday struggles in the street and the meanings were attached to their use of crack. The street was conceived as an urban space, fleeting, full of struggles, stigma and symbolic freedom and crack was perceived as a dichotomous spirit: life vs. death. In the second manuscript entitled: From the “comfort” of home to the difficulties of the street: the subjectivity of family relations, the following categories were presented: “Home sweet home? Mine was made of gall” and “Violence as part of everyday family life.” Here the results highlighted that the absence of 16 rules, boundaries, communication, affection, and the different types of violence within the family were variables that contributed to the onset of drug use which subsequently led to the use of crack and living on the streets. In the third manuscript: Genesis: the socio-economic path to crack consumption and life in the street, we addressed the following categories: “Social factors: The school and peer influence group” and “Economic factors: Living with poverty.” It was unveiled that dropping out of school, the lack of boundaries and social norms, frequent drug use in the community, having friends who are drug consumers, excessive leisure, disorganization communities, low income, unemployment and the high availability or trafficking of drugs were key elements that facilitated the adaption of crack and owning to the street as a home. We conclude that family, schools and other social policy makers should bring complete discussions and comprehensively address those phenomena instead of looking away, stigmatizing or judging as this is harmful and devalues the nomadic lives of these beings in this liquid and abstract space; the street.
Descrição: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2013.
URI: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/122582
Data: 2013


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