Jovens em idade escolar obrigatória para e na EJA – entre encaminhamentos e escolhas – a produção de diferentes faces da juvenilização: um estudo de teses e dissertações (2010-2024)

Abstract

Esta dissertação, de natureza qualitativa e abordagem bibliográfica, tem como objetivo compreender o fenômeno da juvenilização, a partir dos fatores e dos motivos do ingresso/migração de estudantes jovens, ainda em idade de escolaridade obrigatória, na/para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), no contexto de um estudo do estado do conhecimento em teses e dissertações produzidas no período entre 2010-2024. O corpus é constituído por 53 trabalhos acadêmicos, disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). O processo de categorização temática e de análise seguiu as indicações de Minayo (2011). O referencial teórico organiza-se em três eixos: O primeiro “Quem são os sujeitos da EJA?”, que se fundamenta em Freire (1978), Di Pierro (2005), Paiva (1983), Arroyo (2011), Charlot (2000); e traz contribuições de documentos legais e de orientação (Brasil, 1996; 2008); o segundo debate “Juventude ou juventudes na EJA?” foi construído com base em Dayrell (2003), Abramo (2008), Carrano (2003), Margulis e Urresti (1996) e Berger (2012); por último, para a discussão do terceiro eixo, “Direito à Educação Básica para todas as juventudes”, foram importantes as produções de autores do eixo anterior, além de León (2005), Dayrell, Carrano e Maia (2014) e Freitas (2005), assim como documentos legais, como o de “Políticas Públicas de Juventude no Brasil” (Brasil, 2014) e o “Plano Juventude Negra Viva” (Brasil, 2024). Como resultados, tanto a análise dos autores que fundamentam as pesquisas, corpus do estudo, assim como os dados evidenciados nelas refletem a complexidade e a multifacetada natureza do fenômeno da juvenilização na EJA, demonstrando que as pesquisas buscam compreender os jovens não como um problema, mas como sujeitos de direitos e de potencial, cujas trajetórias são moldadas por fatores sociais, econômicos, culturais e educacionais. Aponta-se ainda uma produção expressiva que aborda temas como evasão e fracasso escolar, distorção idade-série, vulnerabilidades sociais, construção de identidades juvenis e a busca por possibilidades educativas e profissionais. As experiências juvenis são marcadas pelo conflito geracional que ocorre porque há uma distância entre o modo como a sociedade significa o que é a juventude e a situação real dos estudantes (pobres, negros, gays, mulheres...); e pela experiência de sociabilidade que acontece entre os pares, jovens com jovens. Contudo, ainda são poucos os trabalhos que analisam ou identificam o impacto de políticas públicas específicas para esse público ou que consideram as diversas realidades regionais do país. Quando isso acontece na escola, vemos que essa instituição se constitui como um espaço onde ocorre a socialização dos jovens. Além disso, conclui-se que, no processo de migração para a EJA, há a produção de diferentes faces da juvenilização e de como ela é percebida no contexto das pesquisas, evidenciando na escolarização obrigatória de muitos e muitas jovens uma desistência institucionalizada em relação a determinados estudantes que se manifesta em discursos observados nos estudos, no contexto do movimento da migração de jovens em idade escolar para a EJA.

Abstract: This dissertation, which is qualitative in nature and bibliographic in approach, aims to understand the phenomenon of juvenilization, based on the factors and reasons for the entry/migration of young students, still of compulsory school age, into/to Youth and Adult Education (EJA) in the context of a study of the state of knowledge in theses and dissertations produced between 2010 and 2024. The corpus consists of 53 academic works available in the Thesis and Dissertation Catalog of the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD). The process of thematic categorization and analysis followed the guidelines of Minayo (2011). The theoretical framework is organized into three axes: The first, “Who are the subjects of EJA?”, is based on Freire (1978), Di Pierro (2005), Paiva (1983), Arroyo (2011), Charlot (2000) and includes contributions from guidance and legal documents (Brazil, 1996; 2008); the second debate, “Youth or youths in EJA?”, was based on Dayrell (2003), Abramo (2008), Carrano (2003), Margulis and Urresti (1996), and Berger (2012); Finally, for the discussion of the third axis, “Right to Basic Education for all youth,” the works of authors from the previous axis were important, in addition to León (2005), Dayrell, Carrano and Maia(2014), and Freitas (2005), as well as legal documents such as “Public Policies for Youth in Brazil” (Brazil, 2014) and the “Black Youth Alive Plan” (Brazil, 2024). As a result, both the analysis of the authors who underpin the research, the corpus of the study, and the data evidenced therein reflect the complexity and multifaceted nature of the phenomenon of juvenilization in EJA, demonstrating that the research seeks to understand young people not as a problem, but as subjects of rights and potential, whose trajectories are shaped by social, economic, cultural, and educational factors. There is also a significant body of work that addresses issues such as school dropout and failure, age-grade distortion, social vulnerabilities, the construction of youth identities, and the search for educational and professional opportunities. Youth experiences are marked by generational conflict that occurs because there is a gap between how society defines youth and the real situation of students (poor, black, gay, women, etc.) and by the experience of sociability that occurs among peers, young people with young people. However, there are still few studies that analyze or identify the impact of specific public policies for this audience or that consider the diverse regional realities of the country. When this happens in school, we see that this institution constitutes a space where the socialization of young people occurs. Furthermore, it is concluded that in the process of migration to EJA, there is the production of different faces of juvenilization and how it is perceived in the context of research, and it is evident in the compulsory schooling of many young people that there is an institutionalized dropout rate in relation to certain students, which is manifested in discourses observed in studies in the context of the movement of school-age youth to EJA.