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Abstract:
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O guaraná (Paullinia cupana), planta nativa da Amazônia, é uma cultura de grande importância econômica para o Brasil. Em 2023, o país produziu 2.521 toneladas (IBGE, 2024), com a Bahia e o Amazonas liderando a produção (CONAB, 2024). Tradicionalmente, a indústria do guaraná utiliza apenas as sementes, descartando o casquilho (casca), que representa cerca de 20% do peso do fruto (SEBRAE, 2009). No entanto, este subproduto possui alto valor nutricional e oferece oportunidades promissoras nas áreas econômica (nova matéria-prima), nutricional (compostos bioativos) e ecológica (redução de resíduos). Assim, o presente estudo teve como objetivo a caracterização físico-química do casquilho de guaraná (Paullinia cupana), um subproduto gerado no beneficiamento industrial das sementes de guaraná. Para tanto, foram determinados os seguintes parâmetros: teores de extrativos, umidade, cinzas e determinação proteína bruta. O casquilho, previamente separado manualmente de sementes torradas, foi triturado e submetido a separação por peneiras granulométricas. As análises foram realizadas em triplicata, utilizando metodologias consagradas descritas no manual técnico do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR/CNPEM, 2019). A determinação da umidade foi conduzida por secagem em estufa a 105 °C até o peso constante. O teor de cinzas foi obtido por calcinação em mufla a 575 °C. Os extrativos foram determinados por extração Soxhlet com mistura ciclo-hexano/etanol, seguida de extração aquosa. A proteína bruta foi determinada pelo método de micro-Kjeldahl. Os resultados obtidos indicaram um teor de extrativos de 16,22 ± 0,06%, umidade de 7,20 ± 1,59%, cinzas de 1,81 ± 0,01% e proteína bruta de 15,81 ± 0,85%. A comparação com a literatura demonstrou coerência com alguns estudos prévios. No entanto, variações foram observadas, possivelmente atribuídas a fatores como a composição específica da amostra, as condições experimentais dos diferentes estudos e a variabilidade do material vegetal. Os dados obtidos indicam que o casquilho de guaraná, frequentemente descartado, possui uma composição rica em biomoléculas de interesse nutricional e tecnológico, reforçando seu considerável potencial como matéria-prima alternativa em diversas aplicações, como nas indústrias alimentícia, farmacêutica e de biomateriais. |