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Abstract:
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Polímeros biodegradáveis vêm sendo estudados cada vez mais por aliarem funcionalidade e menor impacto ambiental, possibilitando aplicações em diversas áreas, como na liberação sustentada de fármacos. O poli(globalide) (PGl) é uma poli(macrolactona) biocompatível e não-tóxica, considerada um promissor material encapsulante, podendo ser obtida pela polimerização enzimática por abertura de anel (e-ROP) do monômero globalide. Uma das alternativas como veículos para entrega controlada de fármacos e compostos bioativos são as nanopartículas poliméricas, que podem ser obtidas por métodos como o de miniemulsificação-evaporação de solvente (MSE). Neste processo, uma solução polimérica é miniemulsificada em uma fase aquosa contendo surfactante, e após evaporação do solvente, o polímero solidifica formando nanopartículas dispersas. O processo de degradação polimérica é um fator determinante no perfil de liberação, sendo, portanto, essencial compreender seu comportamento e os parâmetros que o influenciam. Neste contexto, o presente estudo avaliou a degradação enzimática de PGl em diferentes morfologias - nanopartículas (reticuladas e sem reticulação) e filmes - a fim de compreender o efeito da estrutura e da área superficial no processo. O PGl foi sintetizado por e-ROP, apresentando rendimento gravimétrico de 72,7 %, massa molar numérica média de 7,4 kDa e dispersividade de 3,9. As nanopartículas foram obtidas pelo método de MSE, enquanto as reticuladas foram preparadas pela adição de agente reticulante e iniciador térmico, seguida de reação a 60 °C. Os filmes foram preparados por casting de solução polimérica em clorofórmio. Os ensaios de degradação foram conduzidos em tampão PBS (pH 7,4) a 37 °C, utilizando lipase B de Candida antarctica (CalB). Para as nanopartículas, acompanharam-se o diâmetro médio e o índice de polidispersão por espalhamento dinâmico de luz (DLS), além do teor de gel no caso das reticuladas, com atividade específica de 1 U/g. Para os filmes, a degradação foi avaliada por gravimetria, empregando 1 e 10 U/g. Os resultados indicaram que as nanopartículas não reticuladas apresentaram aumento de aproximadamente 16 % no diâmetro médio após 8 h, seguido de redução de cerca de 30 % em relação ao tamanho inicial em uma semana, sugerindo a degradação e/ou desintegração do material. As nanopartículas reticuladas mantiveram diâmetro (~115 nm), polidispersidade (~0,1) e teor de gel (~90 %) estáveis ao longo de duas semanas, sugerindo maior resistência a estes fenômenos. Nos filmes, observou-se perda de massa de até 55 % após 21 dias, com maior variação na condição de 1 U/g, possivelmente devido ao pH mais próximo do pH ótimo da enzima. Estes resultados evidenciam como a morfologia do PGl influencia sua estabilidade, o que ajuda a entender a relação entre estrutura e degradação. |