Insubmissos anseios: a literatura infantil antirracista como ferramenta emancipatória de crianças e adolescentes

Abstract

Este trabalho debruçou-se, sob uma lente insubmissa, decolonial e afrocentrada, a pensar a Literatura Infantil Antirracista enquanto uma ferramenta de emancipação à crianças e adolescentes, diante do racismo estrutural. Parte-se do seguinte problema central: De que forma a literatura infantil antirracista, enquanto objeto de subversão do discurso colonial, pode contribuir para o enfrentamento do sistema de controle social, promovido pelo Direito em face de crianças e adolescentes negros/as no ambiente escolar?. Como objetivos, temos: a) estudar a formação histórica das estruturas de controle, e da colonialidade de poder/saber existente no Brasil, a partir de autores negros/as e indígenas; b) analisar o ambiente escolar em sua contradição: a (re)produção de subjetividades hegemônicas, padronização e exclusão dos corpos ?indesejáveis?, e o espaço de possibilidades, e de construção de mundos outros; c) examinar a literatura infantil afrocentrada presente (ou não) nas escolas, percebendo a atuação do Movimento Negro como agente de resistência e luta contra as estruturas de controle. Sabemos que as estruturas de poder pelas quais o país é constituído denotam a manutenção de bases muito próximas às que violentaram indígenas, negros/as africanos/as e afro diaspóricos no período colonial: o colonialismo. Aprendemos com nossos ancestrais que nunca estamos só, e que (re)existir ainda é a melhor maneira de fraturar a estrutura. Com as crianças e adolescentes, aprendemos as artimanhas necessárias para trilhar nosso próprio caminho. Pelos ancestrais crianças - ibejis, nossa força é concentrada, nossa alegria permanece, fazendo com que sigamos de pé. Ainda assim, a engrenagem da empresa colonialista europeia tenta, a todo custo, nos esmagar. No campo da literatura, raros são os livros didáticos, com a temática antirracista, disponibilizados para crianças e adolescentes. Contudo, se crermos na máxima de que ?somos começo, meio e começo de novo?, e que, portanto, pertencemos a um ciclo ancestral de resistência, só nos cabe continuar. Por uma pedagogia antirracista, das encruzilhadas e da desobediência. Assim, adotamos uma pesquisa monográfico-dedutiva, de cunho bibliográfico e documental.

Abstract: This work focused, from an insubordinate, decolonial and Afrocentric perspective, on thinking about Anti-Racist Children's Literature as a tool for the emancipation of children and adolescents, in the face of structural racism. It starts from the following central problem: How can anti-racist children's literature, as an object of subversion of colonial discourse, contribute to confronting the system of social control, promoted by the Law in the face of black children and adolescents in the school environment? Our objectives are: a) to study the historical formation of the structures of control, and the coloniality of power/knowledge existing in Brazil, based on black and indigenous authors; b) to analyze the school environment in its contradiction: the (re)production of hegemonic subjectivities, standardization and exclusion of ?undesirable? bodies, and the space of possibilities, and the construction of other worlds; c) to examine the Afrocentric children's literature present (or not) in schools, perceiving the role of the Black Movement as an agent of resistance and struggle against the structures of control. We know that the power structures that form the country show the maintenance of foundations that are very similar to those that violated indigenous people, black Africans and Afro-diasporic people during the colonial period: colonialism. We learned from our ancestors that we are never alone, and that (re)existing is still the best way to fracture the structure. With children and adolescents, we learned the tricks necessary to follow our own path. Through our ancestral children - ibejis, our strength is concentrated, our joy remains, allowing us to stand up. Even so, the machinery of the European colonialist enterprise tries, at all costs, to crush us. In the field of literature, there are few textbooks with anti-racist themes available for children and adolescents. However, if we believe in the maxim that ?we are the beginning, the middle and the beginning again?, and that, therefore, we belong to an ancestral cycle of resistance, we can only continue. For an anti-racist pedagogy, of crossroads and disobedience. Thus, we adopted a monographic-deductive research, of a bibliographic and documentary nature.