O branco no preto e o preto no branco: EARER e o uso social da memória no fazer-se antirracista de pessoas brancas

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O branco no preto e o preto no branco: EARER e o uso social da memória no fazer-se antirracista de pessoas brancas

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Title: O branco no preto e o preto no branco: EARER e o uso social da memória no fazer-se antirracista de pessoas brancas
Author: Lima, Valdemar de Assis
Abstract: O racismo é um processo que opera no campo das afetações. É uma prática da ideologia supremacista branca que se empenha, por séculos, na desumanização de corpos negros, daí a necessidade de também analisar o que é ser branco numa sociedade racista e, em se tratando de pessoas brancas que reivindicam para si uma práxis antirracista, parece-nos imperioso investigar o que é, por assim dizer, barganhado nessa branquitude para que se constitua o fazer-se antirracista: o que a pessoa branca abre mão para ser antirracista, que negações são feitas, que privilégios estão em jogo em um reposicionamento da pessoa branca, em nome de um professo antirracismo. Buscando compreender a etiologia do fazer-se antirracista de pessoas brancas, essa tese entende o antirracismo como um devir e, nesses termos, se volta para a relação das pessoas brancas autonominadas antirracistas, com o mundo negro - esse universo de signos e símbolos, saberes e fazeres, práticas tradicionais de origem negra, relações socioafetivas, que partem de subjetividades de pessoas negras ou com elas se relacionam. Ao mesmo tempo essa pesquisa se empenha em auferir como o contato com esse denominado mundo negro interfere nas subjetividades das pessoas brancas e em que medida estas se dispõem a abrir mão de privilégios em prol do antirracismo que afirmam defender. Esta tese propõe como objetivo geral: Compreender a etiologia do fazer-se antirracista de pessoas brancas inseridas direta ou indiretamente na ambiência e dinâmica de vida acadêmica no campus Trindade da UFSC e, como objetivos específicos, se dispõe a (a) Investigar a relação de pessoas brancas, auto nominadas antirracistas, com o mundo negro; (b) Auferir em que medida o contato com o mundo negro interfere nas subjetividades das pessoas brancas; (c) Observar até que ponto pessoas brancas se dispõem a abrir mão de privilégios em prol do antirracismo que afirmam defender e (d) Analisar qual baliza é utilizada pelas pessoas brancas entrevistadas para sustentar sua autoidentificação como antirracistas. A história oral auferida em entrevistas semiestruturadas foi a metodologia utilizada nessa investigação, cujas narrativas das pessoas entrevistadas nos fazem compreender a importância do letramento racial no fazer-se antirracista como devir. Para o debate em tela são mobilizados, centralmente, os pensamentos de Maria Aparecida Bento e Lia Vainer Schucmann na abordagem sobre branquitude, privilégio branco e o pacto narcísico da branquitude; Elison Antonio Paim, na consideração do conceito de fazer-se; Nilma Gomes, refletindo sobre letramento racial e o movimento negro educador; a questão identitária racial e a cosmopercepção afrocentrada, presentes em Franz Fanon e Grada Kilomba; o conceito de experiência nas perspectivas de Walter Benjamin e bell hooks; bem como a abordagem da decolonialidade e da interculturalidade crítica que pautam a argumentação de Catherine Walsh, Vera Candau, Walter Mignolo, Aníbal Quijano e Zulma Palermo dentre outras intelectualidades insurgentes cuja produção é de grande valia para as questões étnico-racias. O presente trabalho advoga que pessoas brancas com predisposição à luta contra injustiças ao contatarem o mundo negro são provocadas a agenciar antirracismo que vai se estruturando, se conformando, à medida que acessam uma educação antirracista para as relações étnico-raciais e desenvolvem uma consciência negra, por sua vez, oriunda da constituição de um letramento racial crítico.Abstract: Racism is a process that operates in the field of affectations. It is a practice of white supremacist ideology that has been committed, for centuries, to the dehumanization of black bodies, hence the need to also analyze what it is to be white in a racist society and, when it comes to white people who claim an anti-racist praxis for themselves, it seems- It is imperative for us to investigate what is, so to speak, bargained for in this whiteness so that becoming anti-racist is constituted: what the white person gives up to be anti-racist, what denials are made, what privileges are at stake in a repositioning of the person white, in the name of a professed anti-racism. Seeking to understand the etiology of white people becoming anti-racist, this article understands anti-racism as a becoming and, in these terms, turns to the relationship between self-proclaimed anti-racist white people and the black world - this universe of signs and symbols, knowledge and actions , traditional practices of black origin, socio-affective relationships, which originate from the subjectivities of black people or relate to them. At the same time, this research strives to determine how contact with this so-called black world interferes with the subjectivities of white people and to what extent they are willing to give up privileges in favor of the anti-racism they claim to defend. This thesis proposes as a general objective: Understanding the etiology of the anti-racist behavior of white people directly or indirectly inserted in the ambience and dynamics of academic life on the Trindade campus of UFSC and, as specific objectives, it is disposed to (a) Investigate the relationship between people white, self-proclaimed anti-racist, with the black world; (b) Determine the extent to which contact with the black world interferes with the subjectivities of white people; (c) Observe the extent to which white people are willing to give up privileges in favor of the anti-racism they claim to defend and (d) Analyze which guidepost is used by the white people interviewed to support their self-identification as anti-racists. Oral history obtained in semi-structured interviews was the methodology used in this investigation. The narratives of the people interviewed make us understand the importance of racial literacy in becoming anti-racist as a future. For the debate on screen, the thoughts of Maria Aparecida Bento and Lia Vainer Schucmann are centrally mobilized in their approach to whiteness, white privilege and the narcissistic pact of whiteness; Elison Antonio Paim, considering the concept of doing oneself; Nilma Gomes, reflecting on racial literacy and the black educator movement; the issue of racial identity and Afro-centered cosmoperception, present in Franz Fanon and Grada Kilomba; the concept of experience from the perspectives of Walter Benjamin and bell hooks; as well as the approach to decoloniality and critical interculturality that guide the arguments of Catherine Walsh, Vera Candau, Walter Mignolo, Anibal Quijano and Zulma Palermo among other insurgent intellectuals whose production is of great value when it comes to ethnic-racial issues. The present work advocates that white people with a predisposition to fight against injustices, when they come into contact with the black world, are provoked into anti-racism that becomes structured, conforming, as they access anti-racist education for ethnic-racial relations and develop a black consciousness, in turn, arising from the constitution of a critical racial literacy.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2023.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/254060
Date: 2023


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