Em tempos de reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017): o esquecimento da meditação no caminho formativo

Abstract

Esta pesquisa localiza-se na Área de Filosofia da Educação, tendo como ocupação filosófica pensar a formação humana contida na Lei 13.415 da Reforma do Ensino Médio, do ano de 2017. No campo educacional, no ano de 2017, descortinou-se um cenário desafiador para a educação brasileira com a Reforma do Ensino Médio Lei 13.415. Esta tese de doutorado defende que há, nessa Reforma, um esquecimento da meditação, conceito de Martin Heidegger, que nos diz sobre um tempo que é fundamental na formação humana. À luz da Filosofia da Educação, nossa pesquisa educacional busca a interpretação da Lei, considerando o horizonte filosófico heideggeriano, nomeadamente sua analítica (des)encobridora do que pode a meditação enquanto prática formativa. No que tange à formação, o esquecimento da meditação nos diz de um processo que envolve o tempo e a produção de um tipo específico de educação. Meditar é ação, um tipo de pensamento que se fixa na complexidade da presença, segundo Heidegger. Nesses termos, o filósofo dará sustentação conceitual a uma trama filosófica que repercutirá na jornada que metodologicamente é pleiteada pela sua analítica existencial. ?Caminhos de floresta?, duas palavras que nos provocam para um olhar mais atento e urgente ao próprio conceito de formação. Nesse sentido, qual (des)caminho formativo se mostra sob a orientação da Lei? Parece-nos, então, que estamos sendo dirigidos por uma racionalidade que nos impulsiona e estimula o esquecimento do meditar filosófico. Logo, esta pesquisa educacional pode ser entendida enquanto interdisciplinar porque constrói pontes entre diferentes campos de conhecimento: Educação, Filosofia/Filosofia da Educação, Direito. Na delimitação filosófica, nossa ancoragem situa-se na ontologia fundamental de Martin Heidegger, nomeadamente o seu filosofar sobre a meditação e a questão do esquecimento. Nossa tese suspeita que foram criados desvios que dificultam a valorização, criação e cultivo de uma educação filosófica que traz, junto a si, um tempo de esquecimento. Esses desvios produzidos com os esquecimentos que vêm com a Lei acontecem em detrimento do conceito de meditação. Resta-nos a pergunta: onde estaria a meditação filosófica no caminho formativo da Lei? Quais são os véus que estão sobre a Lei 13.415? Para quem e para quê está sendo direcionada a educação no Brasil? O problema desta tese é pensar até que ponto a instrumentalização da educação, através da aprovação da Lei 13.415/2017 evidencia um apelo ao espírito mercadológico, que tece falsas esperanças e promessas de felicidade em relação a um mercado em expansão, distanciando e diluindo uma perspectiva de meditação sobre o tempo formativo. Mas que tempo será esse?

Abstract: This research belongs to the Area of Philosophy of Education, and its philosophical matter is to think about human formation in Law 13.415 of High School Reform of 2017. In the educational field, in 2017, a challenging scenario emerged for Brazilian education with the Secondary Education Reform Law 13.415. This doctoral thesis argues that, in this Reform, there is a forgetting of meditative thinking, a concept by Martin Heidegger, which tells us about a time that is fundamental in human formation. In the light of the Philosophy of Education, our educational research seeks the Law, considering Heideggerian philosophical horizon, namely its analytical (un)covering of what meditative thinking can do as a formative practice. As far as training is concerned, forgetting of meditative thinking tells us about a process that involves time and the production of a specific type of education. Meditative thinking is action, a type of thought that is fixed in the complexity of presence, according to Heidegger. In these terms, the philosopher will give conceptual support to a philosophical plot that will have repercussions on the journey that is methodologically claimed by his existential analytics. ?Forest paths?, two words that provoke us to take a more attentive and urgent look at the very concept of training. In this sense, which formative (mis)path is shown under the guidance of the Law? It seems to us, then, that we are being guided by a rationality that drives us and encourages us to forget about philosophical meditative thinking. Therefore, this educational research can be understood as interdisciplinary because it builds bridges between different fields of knowledge: Education, Philosophy/Philosophy of Education, Law. In the philosophical delimitation, our anchorage is located in the fundamental ontology of Martin Heidegger, namely his philosophizing about meditative thinking and forgetting. Our thesis suspects that deviations were created that make it difficult to value, create and cultivate a philosophical education that brings, along with it, a time of oblivion. These deviations that come along with the Law happen to the detriment of the concept of meditative thinking. The question is: where would philosophical meditative thinking be on the formative path of the Law? What are the veils that are over Law 13,415? For whom and for what is education in Brazil being directed? The aim of this thesis is to think to what extent the instrumentalization of education, through the approval of Law 13.415/2017, evidences an appeal to the marketing spirit, which weaves false hopes and promises of happiness in relation to an expanding market, distancing and diluting a perspective of meditative thinking on formative time. But what time will that be?