Memórias e experiências de estudantes indígenas Kaingang na Região Oeste de Santa Catarina - Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó/SC

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Memórias e experiências de estudantes indígenas Kaingang na Região Oeste de Santa Catarina - Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó/SC

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Title: Memórias e experiências de estudantes indígenas Kaingang na Região Oeste de Santa Catarina - Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó/SC
Author: Brocco, Ana Karina
Abstract: A presente tese se desenvolve com base na presença recente dos povos indígenas nas universidades federais brasileiras, por meio de lutas que se desdobraram na Lei de Cotas, mais especificamente com estudantes Kaingang acerca de suas memórias e experiências de ser e estar na Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó, na Região Oeste de Santa Catarina. A perspectiva teórico-metodológica adotada é a decolonialidade, gestada no âmbito das produções dos grupos Modernidade/Colonialidade e Epistemologias do Sul, no entrecruzamento com a produção de conhecimentos histórico-educacional a partir do pensamento do filósofo Walter Benjamin. A tese considera que as universidades as quais chegam estudantes indígenas carregam heranças coloniais, portanto, acessam uma universidade inscrita nas colonialidades do poder, do saber e do ser, onde o acesso via Lei de Cotas não garante a superação das desigualdades sociais e raciais, por outro lado, o gradativo aumento e o protagonismo de estudantes indígenas nas universidades federais abre brechas decoloniais e interculturais, forçando a universidade a rever suas estruturas e práticas. Também considero que (re)conhecer as presenças, identidades, memórias, histórias, experiências, saberes e culturas de estudantes indígenas no ensino superior potencializa o acesso e a permanência dos povos indígenas na universidade, bem como as relações étnico-raciais positivas, a valorização e o respeito intercultural, e consequentemente, o enfraquecimento gradual de práticas discriminatórias, preconceituosas e racistas. Para tanto, no caminho metodológico, a parte principal da tese é as narrativas orais de estudantes Kaingang de diferentes idades e sexos, cursos e fases da graduação, sobre suas memórias e experiências na UFFS, que foram construídas por meio de entrevistas compreensivas e transformadas em mônadas, centelhas de sentido que tornam as narrativas experienciáveis. Além do diálogo com a produção do campo, da pesquisa documental a respeito das políticas públicas sobre educação superior indígena, e dos dados quantitativos sobre estudantes indígenas na UFFS. Em relação à estrutura do trabalho, no capítulo introdutório, abordo os textos e contextos da construção teórico-metodológica da pesquisa. No segundo capítulo apresento a pesquisadora e as/os estudantes coautoras/es, além de abordar as histórias e os contextos de origem dessas/es estudantes provenientes de Terras Indígenas das Regiões Oeste de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul. No terceiro e no quarto capítulos dialogo com as mônadas produzidas por meio das memórias narradas e (re)elaboradas, numa relação horizontal com as/os estudantes, compreendidos como coautoras/es, com narração, legitimidade e lugar de fala da experiência de estar-sendo estudante indígena na universidade. As mônadas anunciam e denunciam memórias e experiências sobre a presença indígena na UFFS, desde o acesso ao ensino superior, os significados e sentidos individuais e coletivos da educação superior, seus sonhos, expectativas, as lutas para permanecer, como as relações étnico-raciais, as dificuldades materiais, o apoio da família, da comunidade e do Programa de Acesso e Permanência da UFFS, e as (de)colonialidades da universidade no diálogo com estudantes indígenas. O percurso teórico-metodológico mostrou que a presença dessas/es estudantes, com suas demandas por educação, tratamento digno, conteúdos e metodologias, abrem brechas para que se construa uma perspectiva mais decolonial e intercultural na universidade, que precisa ampliar o diálogo com os povos indígenas, para um processo de democratização mais amplo do ensino superior brasileiro.Abstract: The present thesis is developed based on the recent presence of indigenous peoples in Brazilian federal universities, through struggles that unfolded in the Quota Law, more specifically with Kaingang students about their memories and experiences of being at the Federal University of Fronteira Sul/Chapecó Campus, in the West Region of Santa Catarina. The theoretical-methodological perspective adopted is decoloniality, created within the scope of the productions of the groups Modernity/Coloniality and Epistemologies of the South, in the intersection with the production of historical-educational knowledge from the thinking of the philosopher Walter Benjamin. The thesis considers that the universities to which indigenous students arrive carry colonial heritages, therefore, they access a university inscribed in the colonialities of power, knowledge and being, where access via the Quota Law does not guarantee the overcoming of social and racial inequalities, for the other hand, the gradual increase and protagonism of indigenous students in federal universities opens decolonial and intercultural gaps, forcing the university to review its structures and practices. I also consider that (re)knowing the presence, identities, memories, histories, experiences, knowledge and cultures of indigenous students in higher education potentialize the access and permanence of indigenous peoples in the university, as well as positive ethnic-racial relations, the appreciation and intercultural respect, and consequently, the gradual weakening of discriminatory, prejudiced and racist practices. Therefore, in the methodological way, the main part of the thesis is the oral narratives of Kaingang students of different ages and sexes, courses and graduation stages, about their memories and experiences at UFFS, which were built through comprehensive interviews and transformed into monads, sparks of meaning that make narratives experienceable. In addition to dialogue with field production, documentary research on public policies on indigenous higher education, and quantitative data on indigenous students at UFFS. Regarding the structure of the work, in the introductory chapter, I discuss the texts and contexts of the theoretical-methodological construction of the research. In the second chapter, I present the researcher and the co-author students, in addition to addressing the stories and contexts of origin of these students from Indigenous Lands in the West of Santa Catarina and North of Rio Grande do Sul. In the third and fourth chapters I dialogue with the monads produced through narrated and (re)elaborated memories, in a horizontal relationship with the students, understood as co-authors, with narration, legitimacy and place of speech of the experience of being an indigenous student at the university. The monads announce and denounce memories and experiences about the indigenous presence at UFFS, from access to higher education, the individual and collective meanings of higher education, their dreams, expectations, the struggles to remain, such as ethnic-racial relations, the material difficulties, the support of the family, the community and the UFFS Access and Permanence Program, and the (de)colonialities of the university in the dialogue with indigenous students. The theoretical-methodological path showed that the presence of these students, with their demands for education, dignified treatment, content and methodologies, open gaps for the construction of a more decolonial and intercultural perspective at the university, which needs to expand the dialogue with the indigenous peoples, for a broader democratization process in Brazilian higher education.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2022.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/242616
Date: 2022


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