Cenas da micropolítica: modos de fazer docência e de estar discente no cotidiano da EJa

Abstract

Esta tese faz um percurso pelo modo funcionamento da Educação de Jovens e Adultas (EJa) de duas turma do II segmento do Ensino Fundamental em uma instituição pública municipal, localizada no Sul de Florianópolis. Trata-se de cartografia, de uma caminhada pelas práticas discursivas, pelas normas e pelos processos de subjetivação e objetivação de alunos e professores. Desta forma, é um trajeto pelos diagramas de poder que nos deixam ver o delineamento dos mapas, que compõem e produzem a micropolítica do cotidiano na EJa. Mapas cujos traçados são visibilizados nos quatro capítulos. São eles: A Institucionalização da EJa no Sistema Escolar, com o medo enquanto afeto central na constituição do território da EJa; A (In)visibilidade das Juventudes, que acompanha o processo de rostificação dos sujeitos da EJa e os enfretamentos, composições e golpes que os sujeitos produzem frente aos enquadramentos impostos; Os Dispositivos Educacionais na Liturgia das Aulas, que percorre as diferentes maneiras como as ações pedagógicas incorporam e mobilizam os objetivos educacionais ? o letramento, a autonomia e a consciência crítica-, definidos como estruturantes para o processo de ensino e aprendizagem; e O Regime Discursivo nas Pesquisas, que, por um lado, estimula os alunos a exercerem a liberdade de escolha do temas, e, por outro, impõe o regime discursivo de controle, interdição e regulação dos temas de pesquisa: do que pode ser dito, por quem e das formas de dizer. Portanto, trata-se de um percurso pela micropolítica do cotidiano: pela institucionalização da EJa no sistema e na arquitetura escolar, pelos objetivos educacionais, pelos modos como alunos e professores são enquadrados e incorporam e operam os discursos que sustentam seus modos de fazer docência e de estar discente, com suas ambivalências, disputas, confrontos e composições.

Abstract: This thesis follows a journey through the functioning of Youth and Adult Education (EJa) of two classes of the second segment of Elementary School in a municipal public institution located in the south of Florianópolis. It is a cartography, a journey through the discursive practices, the norms and the processes of subjectivation and objectification of students and teachers. In this way, it is a journey through power diagrams that allow us to see the outline of the maps which compose and produce the micro-politics of everyday life at EJa. Maps whose traces are visualized in the four chapters: The Institutionalization of EJa in the School System, which takes fear as a central affect in the constitution of EJa's territory; The (In)visibility of Youths, which accompanies the process of rosification of the EJa subjects and the confrontations, compositions and blows that the subjects produce against the imposed frameworks; The Educational Devices in the Liturgy of Classes, which covers the different ways in which pedagogical actions incorporate and mobilize educational objectives ? literacy, autonomy and critical awareness ? defined as structuring the teaching and learning process; and The Discursive Regime in Research, which, on the one hand, encourages students to exercise the freedom to choose the topic, and, on the other, imposes the discursive regime of control, interdiction and regulation of the research topics. That is to say: what can be said, by whom and the ways of saying it. Therefore, it is a journey through the micropolitics of everyday life: through the institutionalization of EJa in the school system and architecture, through educational objectives, through the ways in which students and teachers are framed and incorporate and operate the discourses that support their ways of teaching and of being a student, with its ambivalences, disputes, confrontations and compositions.