Nada de novo sob o parreiral: o trabalho infantil dos ítalo-descendentes na vitivinicultura videirense

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Nada de novo sob o parreiral: o trabalho infantil dos ítalo-descendentes na vitivinicultura videirense

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Title: Nada de novo sob o parreiral: o trabalho infantil dos ítalo-descendentes na vitivinicultura videirense
Author: Palhoza, Natalia
Abstract: Esta dissertação tem como objetivo analisar a relação entre o trabalho, a infância e a educação dos ítalo-descendentes na vitivinicultura em Videira/SC em meados do século XX. A relevância da análise de tal objeto reside no fato de que o trabalho infantil persiste até a atualidade no estado catarinense, especialmente nas pequenas propriedades rurais e familiares ? tais quais aquelas que também comportavam o trabalho infantil na vitivinicultura no século passado. Possibilita-se, desta forma, uma melhor compreensão sobre a história de um fenômeno que se configura na atualidade como um problema social. Em termos metodológicos, apresenta um estudo bibliográfico em repositórios virtuais de pesquisas científicas e em livros do acervo do Museu do Vinho Mário de Pellegrin; além de pesquisa de campo por meio de entrevistas semiestruturadas com idosos que, em suas infâncias, trabalharam na vitivinicultura; e pesquisa documental no acervo fotográfico do Museu do Vinho. Evidencia que a produção vitivinícola em Videira/SC teve sua origem imbricada ao processo de colonização das terras por ítalodescendentes nas primeiras décadas do século XX. Desde sua introdução na localidade, a uva era produzida nas pequenas propriedades familiares a fim de ser comercializada como matériaprima para a indústria de vinhos. Tendo em vista que as famílias precisavam vender a uva para comprar outras mercadorias que eram incapazes de produzir individualmente, necessitavam produzi-la de forma competitiva ? ou seja, no menor tempo possível. Porém, diante da escassez de maquinários e da impossibilidade de contratar assalariados, tornava-se indispensável a utilização da força de trabalho de todos os membros da família ? inclusive das crianças. Assim, é comum entre os entrevistados o relato de memórias referentes ao trabalho infantil na produção de uvas, especialmente na colheita ? período mais dispendioso da produção ? em atividades como ajuntar grãos do chão, carregar caixas, acondicionar os cachos em caixotes. Suas atividades sob o parreiral também se estendiam ao longo do ano, carpindo ou sulfatando, por exemplo. Para além da produção de uvas, porém, observou-se que aqueles indivíduos tinham um importante papel na divisão familiar do trabalho. Desde muito jovens, com cerca de cinco anos, tornavam-se responsáveis por tarefas pouco exigentes, que se complexificavam proporcionalmente ao aumento de suas idades. Suas atividades laborais ocupavam toda a semana, exceto os domingos ? dia do ócio para toda família. O tempo para brincadeiras era determinado pela folga no trabalho e, portanto, restringia-se aos finais de semana. De forma similar, a escolarização: os entrevistados estudaram pouco, sendo que nenhum concluiu o ensino ginasial. Isso porque o trabalho era a prioridade para suas famílias, mais do que a frequência escolar.Abstract: This thesis aims to analyze the relationship between work, childhood and education of italodescendants in viticulture in Videira / SC in the mid-twentieth century. The relevance of the analysis of this object lies in the fact that child labor persists to the present day in the state of Santa Catarina, especially in small rural and family properties - such as those that also included child labor in winemaking in the last century. Thus, it is possible to better understand the history of a phenomenon that is currently configured as a social problem. In methodological terms, it presents a bibliographical study in virtual repositories of scientific research and in books from the collection of the Museu do Vinho Mário de Pellegrin; in addition to field research through semi-structured interviews with elderly people who, in their childhood, worked in viticulture; and documentary research in the Wine Museum photographic collection. It shows that the wine production in Videira / SC had its origin intertwined with the process of colonization of the lands by italian descendents in the first decades of the twentieth century. Since its introduction in the locality, grapes were produced in small family properties in order to be marketed as raw material for the wine industry. Considering that the families had to sell grape to buy other goods that they were unable to produce individually, they needed to produce it competitively ? that is, in the shortest possible time. However, given the scarcity of machinery and the impossibility of hiring wage earners, the use of the workforce of all family members - including children - was indispensable. Thus, it is common among respondents to report memories of child labor in the production of grapes, especially harvesting - the most exhausting period of production - in activities such as raking grains from the ground, carrying boxes, wrapping the grape clusters in crates. Their activities under the vineyard also extended throughout the year, weeding the ground or sulphating, for example. In addition to grape production, however, it was observed that these individuals had an important role in the family division of labor. From a very young age, about five years old, they were responsible for undemanding tasks, which became proportionally complex as they grew.Their work activities took up all week except Sundays - idle day for the whole family. Play time was determined by time off at work and therefore restricted to weekends. Similarly, schooling: respondents studied little, and none completed high school. That's because work was a priority for their families, rather than school attendance.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2019.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215382
Date: 2019


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