A inserção na relação educativo-pedagógica na educação infantil

Abstract

A presente pesquisa, em nível de Mestrado, objetiva compreender as relações educativo-pedagógicas estabelecidas no processo de inserção entre as crianças, suas famílias e professora ao ingressarem juntos, no início do ano letivo, em um coletivo na Educação Infantil. Considerou-se na pesquisa a atenção para as composições do agrupamento, tendo em vista as crianças que já possuem uma experiência institucional coletiva e aquelas que ingressam pela primeira vez no contexto da Educação Infantil, bem como suas famílias e professor(a), compreendendo o caráter heterogêneo imbricado e fomentador do início de novos e/ou reiterados relacionamentos. Para compreender os modos como ocorrem e iniciam as relações sociais na inserção o diálogo estabelecido na pesquisa parte da Pedagogia da Infância, principalmente estudos de Rocha (1999, 2013), Schmitt (2008, 2014), Duarte (2011) e Buss-Simão (2012). Utiliza-se, também, uma interlocução disciplinar com os estudos sociológicos e filosóficos voltados para a Infância, envolvendo de forma mais detida as contribuições da Sociologia da Infância, particularmente os estudos de Corsaro (2011). A fim de uma aproximação de forma intensa das ações, relações e manifestações comunicativas das crianças entre si e com os adultos no processo de inserção, a pesquisa insere-se na perspectiva de um estudo etnográfico (SARMENTO, 2003; SILVA, 2004; FERREIRA, 2014), com observações registradas em diário de campo, fotografias e entrevistas com a professora do grupo, os quais resultaram em um acúmulo de dados que foram catalogados em unidades de análises e posteriormente categorizados. Para tanto, acompanhou-se os processos educativo-pedagógicos envolvendo 15 crianças e sua professora, em um agrupamento etário de 2 a 3 anos nos primeiros meses do ano letivo de 2016 na Rede Municipal de Educação Infantil pública de Florianópolis. O levantamento bibliográfico indicou a importância de buscar a historicidade dos conceitos ? adaptação e inserção ?, trazendo suas distinções e aportes teóricos, que permitem afirmar nesta pesquisa a inserção como o conceito no momento mais adequado para lidar com momento de ingresso das crianças, suas famílias e professor (a) na Educação Infantil por sua base social e relacional. A análise evidenciou o processo de inserção de modo complexo, pois, intermitente, tem rupturas, começos e recomeços, considerando a heterogeneidade do grupo, e, ao visibilizar as configurações e composições do agrupamento como imbricado e fomentador de novos relacionamentos, importa considerar tanto o ingresso de crianças novas na unidade educativa, mas também a reatualização e/ou reiteração de relacionamentos já construídos pelas crianças que já estavam na unidade educativa no ano anterior. Desse modo, implica reconhecer a importância do estabelecimento de estratégias comunicacionais claras e explícitas entre os adultos ? professor(a) e famílias ?, como base dos relacionamentos que se iniciam na inserção, e afirmar a construção dessa relação como elemento importante e constitutivo da identidade da instituição educativa. Considera-se, então, a importância da auscultação para os diferentes canais comunicacionais entre adultos e crianças e a relação afetivo-corpórea como elemento central e intensificador das aproximações entre os mesmos, acionado pela observação mútua. Observa-se, ainda, o caráter da docência como intensificador e facilitador das relações que se iniciavam, fomentando as interações com a organização de elementos que potencializavam as ações, tanto as que demandavam maior atenção e cuidados específicos para as crianças como também para lidar com a multiplicidade simultânea (SCHMITT, 2014) de eventos peculiares a um contexto de Educação Infantil, considerando as ações/relações/interações vividas entre a professora e as crianças. Sendo assim, significa considerar o tempo no processo de inserção de modo mais fluido, flexível, tendo em vista o olhar específico para cada criança, com gradação de tempos diferenciados para atender singularidades de cada criança e suas famílias, levando em conta as marcas e pertenças familiares e sociais, bem como o espaço da unidade educativa de modo mais alargado e não somente circunscrito a sala de referência.

Abstract : The aim of this research was to understand the educational-pedagogical relationships established in the process of insertion between children, their families and teacher when they joined together at the beginning of the school year in a collective in the early childhood education. It was considered in the research the attention to the compositions of the grouping, considering the children who already have a collective institutional experience and those who enter for the first time in the context of the infantile education, as well as their families and teacher, comprising this one heterogeneous feature of the beginning of new and/or reiterated relationships. In order to understand the ways of how the social relations begin and occur, the dialogue established in the research is part of the Pedagogy of Childhood, especially studies by Rocha (1999, 2013), Schmitt (2008, 2014), Duarte (2011) and Buss-Simão (2012), and a disciplinary interlocution with the sociological and philosophical studies directed to the Childhood, involving in a more detained way the contributions of the Sociology of the Childhood, particularly the studies of Corsaro (2011). In order to reach an intense approximation of the actions, relations and communicative manifestations of the children among themselves and with the adults in the process of insertion, the research inserts itself in the perspective of an ethnographic study (SARMENTO, 2003; SILVA, 2004; FERREIRA, 2014) lation of data cataloged in units of analysis and later categorized. Therefore, it was followed up the educational-pedagogical processes involving 15 children and their teacher in an age group of 2 to 3 years in the first months of the 2016 in the municipal public education system in Florianópolis. The bibliographical survey indicated the import with observations recorded in field diary, photographs and interviews with the group teacher, which resulted in an accumuance of seeking the historicity of concepts ? adaptation and insertion ? bringing their distinctions and theoretical contributions, and allow to affirm in this research the insertion as the concept of the most appropriate moment to deal with entry of the children, their families and teacher in the children's education, by its social and relational base. The analysis evidenced the process of insertion in a complex way, since it is intermittent, has ruptures, starts and new starts, considering the heterogeneity of the group, and to visualize the configurations and compositions of the grouping as imbricated and forwarder of new relationships, it is important to consider both the entry of Children in the educational unit, but also the re-updating and/or reiteration of relationships already built by the children who were already in the educational unit the previous year. It involved recognizing the importance of establishing clear and explicit communication strategies between adult teachers and families as the basis of the relationships that begin in the insertion and affirming the construction of this relationship as an important and constituent element of the identity of the educational institution. It was considered the importance of auscultation for the different communication channels between adults and children, and the affective-corporeal relationship as central element and intensifier of the approximations between them, triggered by mutual observation. It was also observed the character of teaching as an enabler and facilitator of the relationships that began, fomenting the interactions with the organization of elements that potentiated the actions, both those that demanded more attention and specific care for the children, as well as to deal with The simultaneous multiplicity (SCHMITT, 2014) of events peculiar to a context of infantile education, considering the actions/relations/interactions lived between the teacher and the children. It meant considering the time in the insertion process in a more fluid, flexible way, considering the specific look for each child, with differentiated times to attend to the singularities of each child and their families, considering the family and social marks and belongings as well as the space of the educational unit in a broader way and not only circumscribed the reference room.