Abstract:
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Neste trabalho procuro investigar a ação educativa em saúde realizada em Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) de Santa Catarina. O aconselhamento é uma das ações desenvolvidas pelo CTA, e tem por objetivo trabalhar a prevenção em DST/HIV/AIDS, bem como oportunizar a testagem sorológica dos usuários que buscam esse serviço. O estudo do aconselhamento em DST/HIV/AIDS se faz necessário para entender a Educação em saúde realizada nos CTAs, pois, de acordo com as Diretrizes Nacionais, essa ação tem caráter educativo. Busquei entender a natureza da ação educativa em saúde, freqüentemente entendida como sinônimo de informação em saúde. Ambas são relevantes, mas são apropriadas para diferentes contextos e, sem dúvida, não se substituem. Assim sendo, a questão norteadora deste estudo consiste na compreensão do que é uma ação educativa em saúde, pelos profissionais de saúde. A fim de conhecer melhor o problema, procurei caracterizar e analisar as chamadas ações educativas realizadas em CTAs de quatro municípios do Estado de Santa Catarina, duas cidades com grande fluxo de turistas e outras duas com menor fluxo. Para tanto, busquei identificar os profissionais que realizam o aconselhamento, conhecer suas concepções sobre educação em saúde (ES) e compreender a visão desses profissionais quanto às chamadas ações educativas em saúde, verificando o significado e a importância do aconselhamento no contexto de prevenção à AIDS. Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizada a metodologia qualitativa, e foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os profissionais aconselhadores dos CTAs estudados. A educação dialógica e problematizadora de Paulo Freire foi o principal referencial teórico deste trabalho, e considero que esta concepção de educação deva ser o alicerce das ações educativas em saúde. Durante a realização das visitas e entrevistas foi possível perceber o privilegiamento do aconselhamento em detrimento de outras atividades de prevenção das DST/HIV/AIDS, como por exemplo, as atividades comunitárias. Além disto, a chamada ação educativa não se constitui enquanto um processo educativo em conseqüência de diversos fatores, tais como o pouco conhecimento do processo educativo por parte do aconselhador e o reduzido tempo destinado ao aconselhamento. Ao término deste trabalho, aponto para a necessidade de os profissionais e os gestores dos órgãos de saúde repensarem as ações que estão sendo chamadas de ações educativas em saúde, para que estas realmente se constituam como tal, o que, no caso do aconselhamento, sem dúvida potencializaria a prevenção das DST/HIV/AIDS. O aconselhamento consiste em uma prática de atenção à saúde que pode ser muito mais eficaz, desde que realizada como uma verdadeira ação de educação em saúde, pois atualmente ele tem sido, na maioria das vezes, um processo de informação em saúde. Sugiro o investimento em formação continuada dos profissionais aconselhadores e a maior integração dos CTAs com a comunidade. Destaco a importância das atividades comunitárias como estratégia de conscientização e educação em saúde, privilegiando a participação efetiva da comunidade no cuidar da vida. |