Abstract:
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Partindo de um conceito ampliado de texto deslocado para o fato noticioso esta pesquisa contextualiza os desdobramentos do "11 de Setembro" propondo um estudo que se desprende igualmente do texto e se volta para o título que apresenta o tema e abre o texto para o leitor. A sequencialidade evidenciada pelos títulos constrói um novo texto/tradução que resgata a historicidade do fato e gera deslocamentos de enfoque que representam culturalmente os eventos. O corpus, constituído de títulos de reportagens sobre o "11 de Setembro" publicados nos jornais The New York Times e Folha Online marca os desdobramentos do fato entre 2001 e 2009 fundamentado em três vértices: o funcionalismo alemão (NORD, 1991), a teoria enunciativa de Bakhtin (2000) e a teoria da representação cultural (ZIPSER, 2002) em tradução. A metodologia emprega uma rede semântica que contextualiza o cenário pós "11 de Setembro", permitindo identificar rapidamente os títulos como pertencentes a esse evento. Resultados evidenciam a representação cultural através: i) de aspectos que categorizam a narrativa (tema, personagens, cenário); ii) do léxico e efeitos de sentido gerados pela rede semântica; iii) das modalidades retóricas que articulam os textos e iv) da narrativa deslocada para o campo do discurso jornalístico. Os dados obtidos enfatizam os títulos como traduções do fato noticioso e narrativas jornalísticas circunstanciadas (inscritas num determinado momento sócio-histórico-cultural) e contextualizadas (envolvendo sujeitos, significações, pressuposições e memórias específicas). Tal perspectiva abre espaço para pensar a tradução a partir da própria relação interlocutória entre sujeitos e/ou instituições sociais, onde se origina a intencionalidade do dizer, bem como as maneiras de se construir, organizar, narrar e representar a realidade culturalmente. |