Abstract:
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Esta dissertação trata do item lexical tudo, na função de quantificador (Q), sendo norteada pelos seguintes objetivos: (a) analisar a multifuncionalidadede de tudo na língua falada de Florianópolis; e (b) investigar em que medida o item lexical tudo pode conter traços de definitude. A orientação teórica adotada é basicamente a do funcionalismo lingüístico givoniano, considerando-se ainda a noção de processos de referenciação e de instabilidade e estabilidade constitutivos da linguagem humana, além da noção semântica de especificidade. A análise é realizada a partir da relação estabelecida entre tudo e a entidade à qual está ligado no contexto discursivo. A multifuncionalidade desse item é mapeada hierarquicamente em termos de função > subfunções, identificadas a partir da relação fórica (direta e indireta) instaurada entre tudo e a entidade por ele quantificada. As subfunções identificadas para o quantificador são: (Q) super genérico, (Q) dêitico; (Q) imediato; (Q) anafórico; (Q) catafórico; e (Q) anafórico e catafórico - podendo agregar ainda certos tipos como: ampliador, resumitivo, enfatizador de atributos. A definitude, tratada como uma propriedade semântico-discursiva escalar, diz respeito às características da entidade quantificada por tudo, cujos traços constituintes envolvem as noções de referencialidade, determinação/delimitação e especificidade do que foi referido - além do papel do falante face à entidade quantificada. Propomos uma escala de definitude com seis graus, mostrando que o grau mais alto aproxima-se do conceito tradicional de pronome indefinido, com poucos dados de tudo nessa categoria; a maioria das ocorrências analisadas situa-se nos graus intermediários, evidenciando-se que tudo apresenta fortes traços de definitude. |