Abstract:
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O objetivo deste estudo foi compreender a constituição da subjetividade na vida cotidiana da comunidade Vila Cachoeira, em Florianópolis, Santa Catarina. Este trabalho se apoiou no diálogo com o campo, conforme a epistemologia de Edward Thompson. Os conceitos ontológicos do trabalho, tais como: vida cotidiana, comunidade, homem e mundo, foram apoiados em Agnes Heller e Georges Lukács, bem como em pensadores da abordagem gestáltica, principalmente Frederick Perls e Paul Goodman. A Vila Cachoeira se configurou como um conjunto de moradia popular, construído a partir da remoção de favelas que predominavam em áreas visíveis de pobreza urbana na entrada da cidade. A prefeitura cadastrou e "removeu", compulsoriamente, as famílias de suas moradias anteriores. Ao final do trabalho, concluímos que a constituição da subjetividade dos moradores da Vila Cachoeira ocorria por meio da experiência dialética de síntese existencial, através da integração entre as necessidades singulares e as necessidades coletivas. O impacto causado pelas remoções caracterizou-se como um processo violento ao mundo subjetivo dos moradores, culminando com sua marginalização e com a ruptura de laços sociais. A intervenção do Estado no espaço urbano e no mundo subjetivo dos moradores ficou presente na vida cotidiana da Vila Cachoeira. Os símbolos sociais e culturais, muitas vezes protagonizados pelo Estado, consistiam em obstáculos para que os moradores entrassem em contato com as necessidades comunitárias e alcançassem a auto-regulação comunitária. Apesar destes obstáculos, os moradores construíram redes intersubjetivas que geraram a formação de uma comunidade imaginada. Posteriormente, a medida que as relações intersubjetivas tornavam-se experiências objetivas, a comunidade imaginada consolidava-se como uma comunidade real. Assim, a vida cotidiana passou a contar com uma vida comunitária propriamente dita, dotada de ações coletivas em direção à satisfação de necessidades comuns. |