Representações sociais de enfermeiros de emergência hospitalar sobre o cuidado ao usuário com comportamento suicida

Abstract

Objetivo: Compreender como as representações sociais dos enfermeiros de unidade de emergência hospitalar se manifestam no atendimento aos usuários com comportamento suicida. Método: Pesquisa qualitativa, alicerçada na Teoria das Representações Sociais de Sergè Mascovici. A coleta de dados ocorreu em duas etapas, a primeira compreendeu uma revisão integrativa em artigos nacionais e internacionais, publicados entre 2014 e 2024, com o objetivo de conhecer as evidências dos cuidados de enfermagem aos usuários em automutilação e com comportamento suicida. A segunda etapa ocorreu com entrevista individual, no período de julho e agosto de 2024, a 24 enfermeiros da unidade de emergência hospitalar localizada na região sul do Brasil. As informações coletadas foram transcritas na ordem das entrevistas para o programa Microsoft Word® e analisadas com o software Interface de R es Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionner Corpus es. A transformação do texto das entrevistas no Corpus Texto gerou a Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e a Análise de Similitude. Na CHD, o corpus foi dividido em três subcorpus e quatro classes, destacando a lista de palavras de cada classe. A Análise de Similitude apresentou, por meio de uma árvore, as conexões entre as palavras, as palavras centrais e suas vinculações. Na CHD, em cada classe, os resultados dos percentuais e palavras foram: Classe 1 17,2%, Classe 2 18,9%, Classe 3 ? 33,1% e Classe 4 ? 30,8%. Nesta tese, buscou-se analisar as duas classes com maiores percentuais na CHD: Classe 3 ? Atitudes de Enfermeiros aos Usuários com Comportamento Suicida em Emergência Hospitalar: representações sociais; Classe 4 - Representações Sociais dos Enfermeiros de Emergência Hospitalar nos Cuidados aos Usuários com Comportamento Suicida. Resultados: O estudo revelou que a ancoragem dos cuidados de enfermagem ao usuário com comportamento suicida encontra-se no atendimento das necessidades físicas com ações de medicação, estabelecimento de acesso venoso, sondagem e sinais vitais. Quanto às representações sociais do enfermeiro no cuidado ao usuário com comportamento suicida, encontram-se centradas nas palavras ?médico? e ?gente?. A palavra ?gente? foi definida pelos enfermeiros como ele e seus pares. Na classificação de risco, o cuidado encontra-se ancorado no protocolo nacional de humanização, o enfermeiro promove o acolhimento, a escuta e o diálogo. Para os enfermeiros, a ancoragem do cuidado busca atender às necessidades físicas, realizadas de forma rotineira, tornando-se ponto comum do cuidado. A ancoragem do cuidado em saúde mental está no médico clínico e psiquiatra. A saúde mental não é reconhecida como algo familiar para a enfermagem, assim não ocorre a prática do cuidado integral. As justificativas elencadas pelos enfermeiros para que as ações de cuidado em saúde mental não sejam realizadas, estão na falta de conhecimento do tema, preconceitos, aspectos culturais, julgamentos e ausência de educação continuada na instituição. Conclusão: As representações sociais dos enfermeiros nos cuidados aos usuários com comportamento suicida se estabelecem nas relações pessoais e profissionais, do universo reificado para o mundo consensual. O pouco conhecimento em saúde mental pelos profissionais de enfermagem influencia os cuidados biopsicossociais ao usuário com comportamento suicida.

Abstract: Objective: To understand how the social representations of hospital emergency unit nurses manifest themselves in the care of patients with suicidal behavior. Method: Qualitative research, based on Sergè Mascovici's Theory of Social Representations. Data collection occurred in two stages. The first involved an integrative review of national and international articles published between 2014 and 2024, aiming to understand the evidence on nursing care for patients who self-harm and exhibit suicidal behavior. The second stage involved individual interviews, conducted between July and August 2024, with 24 nurses from a hospital emergency unit located in southern Brazil. The collected information was transcribed in the order of the interviews into Microsoft Word® and analyzed using the Multidimensional Text Analysis and Questionnaire Corpus software. The transformation of the interview texts into the Text Corpus generated the Descending Hierarchical Classification (DHC) and Similitude Analysis. In the CHD, the corpus was divided into three subcorpuses and four classes, highlighting the word list of each class. Similarity analysis presented, through a tree, the connections between the words, the central words, and their links. In the CHD, in each class, the results of the percentages and words were: Class 1 - 17.2%, Class 2 - 18.9%, Class 3 - 33.1%, and Class 4 - 30.8%. This thesis sought to analyze the two classes with the highest percentages in the CHD: Class 3 - Nurses' Attitudes toward Patients with Suicidal Behavior in Hospital Emergency Rooms: Social Representations; Class 4 - Social Representations of Hospital Emergency Room Nurses in the Care of Patients with Suicidal Behavior. Results: The study revealed that the anchoring of nursing care for patients with suicidal behavior is found in meeting physical needs with medication, establishing intravenous access, catheterization, and monitoring vital signs. Regarding the social representations of nurses in caring for patients with suicidal behavior, they are centered on the words \"doctor\" and \"people.\" The word \"people\" was defined by nurses as referring to themselves and their peers. In risk classification, care is anchored in the national humanization protocol, with nurses promoting welcoming, listening, and dialogue. For nurses, anchoring care seeks to meet physical needs, routinely performed, becoming a common point of care. The anchoring of mental health care is in the clinical physician and psychiatrist. Mental health is not recognized as something familiar to nursing, thus preventing comprehensive care. The nurses' justifications for not implementing mental health care actions include lack of knowledge on the topic, prejudices, cultural aspects, judgments, and the absence of continuing education within the institution. Conclusion: Nurses' social representations of caring for patients with suicidal behavior are established in personal and professional relationships, moving from the reified universe to the consensual world. Nursing professionals' limited knowledge of mental health influences biopsychosocial care for patients with suicidal behavior.