Abstract:
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O estudo da criatividade, até a década de 70 do século XX, considerava este fenômeno uma característica individual. Não obstante, muitos autores consideraram a criatividade como característica de pessoas especiais ou, mesmo, a divindades. Contudo, os estudos iniciados a partir da década de setenta passaram a atribuir ao ambiente em que o indivíduo está inserido relevância outrora desconsiderada e algumas teorias passaram a considerar a possibilidade de qualquer indivíduo poder desenvolver a criatividade. Todavia, na literatura destinada aos graduandos em Ciências da Administração, a criatividade ainda é abordada de forma superficial e instrumental. Desse modo, o presente trabalho busca analisar a criatividade em duas organizações em que se pressupõe como lugar comum para o desenvolvimento da criatividade: companhias de teatro. Porém, a escolha das companhias não se dá aleatoriamente, de modo a se ter buscado duas companhias com enfoques distintos quanto ao mercado cultural. Cada companhia teve analisada sua história, estrutura e as práticas de incentivo â criatividade dos atores em um único projeto, através de estudo de campo comparativo e abordagem qualitativa. A primeira companhia, Danafde, com o nome alterado no presente trabalho, está intimamente ligada, devido a sua dependência financeira de patrocínios para manutenção da companhia, ao mercado cultural, de modo a possuir um formato pronto para seu principal projeto, relacionando os temas a produtos da indústria cultural e possuindo uma estrutura hierárquica bastante rígida e pouco participativa, havendo, dessa forma, muitas limitações ao trabalho dos atores. A segunda, Companhia Alcione, apresenta-se como uma contra-tendência bastante rica em possibilidades de desenvolvimento da criatividade de seus atores, que autogestionam seus projetos e, conseqüentemente, possuem ampla liberdade para experimentações e exposição de idéias, com comunicação clara, fraca orientação mercadológica e igualdade entre os participantes do projeto analisado. |