Abstract:
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O presente trabalho propõe-se a analisar a relação que Giorgio Agamben estabelece entre vida e regra a partir do desenvolvimento de uma teologia econômica, principalmente nas obras O Reino e A Glória, Opus Dei e Altíssima Pobreza. O percurso do trabalho é atravessado pela perspectiva de articulação com o conceito de inoperosidade, concebido enquanto forma de desativar os dispositivos de poder e retomar a vida ao seu uso comum. A máquina governamental, revelada na polaridade entre Reino e Governo, é resultado da fratura do ser que se abre a uma multiplicidade de atores. No âmbito da liturgia, a prática sacerdotal, compreendida enquanto officium, apresenta uma relação de indiscernibilidade entre seu agir e os efeitos que dele resultam, estabelecendo um paralelo com a ética moderna. Almeja-se evidenciar a abordagem segundo a qual vida e regra se indiferenciam nas regras monásticas como consequência do contraste entre as fórmulas promittere regulam (prometer a regra) e promittere vivere secundum (prometer viver segundo a regra). Este percurso só é possível mediante a definição da forma de vida como potência de pensamento, buscada no modelo do franciscanismo. Trata-se de desdobrar a passagem da potência ao ato; mas, principalmente, de encontrar nesta relação uma perspectiva de inoperosidade enquanto potência de fazer ou de não fazer. |