Abstract:
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A presente pesquisa de mestrado buscou fazer uma investigação, de extração sociológica, dos significados e envolvimentos políticos advindos das práticas assumidas pela Política Nacional de Formação (PNF) da Central Única dos Trabalhadores (CUT) nos últimos 10 anos (1998 a 2008), em associação com a discussão da importância do elemento auto-formativo para trabalhadores e a relação da PNF com as estratégias políticas adotadas pela CUT em cada contexto histórico. Assim, atentamos para o acontecimento que, atividades auto-formativas da classe trabalhadora, sejam elas voltadas para a formação política, sindical, profissional ou de sentido pedagógico mais geral, são freqüentes nos seus movimentos e organizações ao longo da sua história e estiveram sempre a serviço das estratégias de intervenção política que o movimento vislumbra para cada conjuntura. O valor positivo destas atividades reside no fato de que a organização independente da classe proletária, visando a construção e a fixação social de uma própria concepção de educação, trás em si a potencialidade de atender em primeira instância os seus interesses mais imediatos, mas podendo projetar a construção da assistência dos seus interesses históricos. Não foge à regra o movimento operário brasileiro; de longa data suas instituições têm se organizado para discutir e efetuar coletivamente experiências de organização sindical, de mobilização e também de uma modalidade classista antagônica de cultura e de visão de mundo importante para a prática política revolucionária. Assim, desde a sua fundação, a CUT tem praticado uma modalidade de formação sindical, inserida na sua PNF, em ampla reciprocidade com sua estratégia política. Se a princípio, a PNF era voltada a uma concepção de mundo crítica, em consonância com a práxis de oposição socialista da CUT ao modelo de desenvolvimento econômico brasileiro, através de escolhas políticas e de determinações estruturais, o referencial revolucionário, expresso nas atividades de formação, foi se tornando rarefeito ao longo dos anos, e a educação profissional e a alfabetização de adultos, com recursos públicos, se converteu em prática prioritária da sua PNF. Se por um lado, nota-se a complexificação da sua estrutura funcional e organizativa a partir da disputa de verbas do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) em fóruns tripartites, por outro lado, há um retrocesso da formação crítica teórica do conteúdo desses cursos. Assim, desde 1998, a prática da PNF/CUT se confunde com as propostas oficiais, uma vez que limita-se a atuar segundo políticas educacionais do governo federal. A sua vinculação ao institucionalismo estatal se torna mais evidente no período do Governo Lula, quando se converte em correia de transmissão das concepções de educação oficiais. A ênfase atual na formação de dirigentes é reflexo do afastamento da luta nas bases, não mais produzindo lideranças forjadas no calor da luta política. Como defesa retórica de sua estratégia reformista, a PNF diz fazer disputa de hegemonia na sociedade civil das concepções de educação, mas na verdade ela revela o abandono da concepção de que os trabalhadores são os sujeitos políticos da história e de que o Estado é um aparelho de dominação de classe. |