Abstract:
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Considerando o empenho teórico de vários autores que, ao longo do século XX, pretenderam redimensionar a concepção de progresso e racionalidade, bem como aqueles que apontaram os males da civilização no processo de dominação dos instintos, procuramos investigar aspectos da relação entre educação e domínio da natureza no pensamento de Antonio Gramsci, autor italiano das décadas de 1920 e 1930. Como principal representante intelectual do movimento operário de uma Itália ainda pouco industrializada, ambientou sua filosofia nos ares da disciplina, da ciência, da dominação da natureza, da técnica e do industrialismo. Procurando não perder de vista o conjunto de reflexões que o autor realizou acerca da política, da hegemonia e do marxismo, enfocamos mais especificamente este lugar iluminista ocupado pelo pensador quanto às soluções da vida. Como uma "sombra" que percorre a claridade iluminista do filósofo italiano, trazemos as considerações de Walter Benjamin, que viveu no mesmo momento histórico e contextualizado por uma sociedade (alemã) já desenvolvida e madura produtivamente, possibilitando um olhar mais "pessimista" quanto ao aperfeiçoamento do domínio do homem sobre a natureza. Nesse percurso, consideramos, primeiramente, como o homem conhece o mundo para Gramsci e as principais problemáticas levantadas quanto à noção de verdade e de ciência. Apresentamos, em seguida, os argumentos que utiliza para confirmar a necessidade de dominação dos instintos em várias esferas humanas, tomando como base a idéia de que o homem passa a agir na natureza impregnando o "natural" de historicidade. E, ao final, realizamos algumas considerações sobre a relação educação e domínio da natureza, levantando aspectos do seu projeto de formação cultural humanista e considerações acerca do corpo. |