Abstract:
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O presente trabalho tem como objetivo investigar como está sendo salvaguardada a infância, especialmente o brincar, no processo inicial de escolarização das crianças, no interior da escola pública. Esta investigação toma como base teórica os estudos da Psicologia Histórico-Cultural, especialmente as produções de Lev S. Vygotsky, Aléxis N. Leontiev e Daniil B. Elkonin em que enfocam a importância do brincar como atividade humana. A questão fundamental da pesquisa é como as crianças das séries iniciais do ensino fundamental significam o brincar na escola. Os sujeitos investigados foram as crianças do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Blumenau, Santa Catarina. A metodologia de pesquisa foi o estudo de caso, sendo os instrumentos utilizados a observação de campo, a análise de documentos e as entrevistas, estas realizadas com representantes da Secretaria Municipal de Educação, com a direção da escola, com cinco professores que atuavam na escola em 2003 e com 43 crianças. A escolha do campo de pesquisa deveu-se a preocupação expressa por esta escola no seu Projeto Político-Pedagógico, em proporcionar condições para que o brincar ali acontecesse. A proposta desta escola situa-se entre as iniciativas do projeto Escola Sem Fronteiras da Prefeitura Municipal de Blumenau. Constatou-se que não basta à escola ter a intenção de promover o brincar, é preciso existir integração entre as políticas de formação oficiais e condições efetivas de manutenção do grupo de professores que desenvolve o projeto. Entre as dificuldades encontradas estão a manifestação de resquícios de uma cultura escolar tradicional aliada a uma formação docente precária quanto a esta temática. As crianças traduzem o brincar como um modo de dizer, ou seja, uma forma de expressar-se, nem sempre consentida, ouvida ou mesmo valorizada. Pode-se dizer que a criança brinca, muitas vezes apesar da escola, e encontra modos de manifestar-se, de aprender e se desenvolver. Entretanto, a escola pode tornar-se um espaço de inesgotáveis possibilidades para a criança e o desenvolvimento de seu psiquismo, se desenvolver projetos que se preocupem em ouvir a criança, envolvendo temas como a participação infantil, seja nas discussões e reflexões que dizem respeito aos seus direitos e sobre as decisões da escola de modo geral. |