|
Abstract:
|
Este Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “O trabalho dos/as assistentes sociais na
coordenação dos Centros de Referência de Assistência Social em Florianópolis/SC: desafios,
possibilidades e resistências”, tem como objetivo compreender o trabalho dos/as assistentes
sociais na gestão desses espaços, visando fomentar o debate acerca da gestão como
competência profissional. Para tanto, desdobram-se os seguintes objetivos específicos: (a)
resgatar os diferentes modelos de gestão do Estado no processo histórico de consolidação das
políticas socais (b) analisar o trabalho dos/as assistentes sociais na coordenação dos Centros
de Referência de Assistência Social (CRAS); (c) identificar as competências profissionais no
trabalho dos/as assistente social na gestão dos CRAS; e, (d) refletir sobre os desafios e as
estratégias utilizadas neste trabalho. A pesquisa foi desenvolvida a partir do método
materialista histórico-dialético, que permite apreender a realidade social em sua totalidade,
considerando suas contradições, mediações e determinações históricas. A abordagem foi
quanti-qualitativa, utilizando como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e a
pesquisa de campo, através da aplicação de questionários e da realização de entrevistas com
assistentes sociais que exercem a função de coordenação dos CRAS em Florianópolis/SC. As
entrevistas revelam que o trabalho das coordenadoras se estrutura em três grandes eixos:
gestão de pessoas, gestão administrativa e gestão do território, mostrando assim que o
trabalho vai além das atribuições tradicionalmente associadas ao Serviço Social. A pesquisa
evidencia que estas profissionais enfrentam desafios que atravessam tanto as condições
objetivas de trabalho, como precarização, sobrecarga e escassez de recursos, quanto aspectos
subjetivos, relacionados à compreensão da gestão como uma função legítima de atuação
profissional. Reforça-se, ainda, que persiste na categoria uma concepção historicamente
construída que associa a identidade profissional quase exclusivamente à intervenção direta
com a população, o que gera tensões e inseguranças na apropriação do trabalho na gestão.
Apesar dos desafios, as coordenadoras indicam possibilidades que fortalecem o trabalho
profissional, como: a força do trabalho coletivo, as estratégias de resistência cotidianas com as
equipes e a articulação com a rede no território. Também evidenciam que essa função oferece
possibilidades para a materialização dos princípios do projeto ético-político, na medida em
que a gestão permite atuar na defesa dos direitos, na articulação da rede socioassistencial e
intersetorial, na qualificação dos serviços e no fortalecimento da Assistência Social enquanto
política pública. Considera-se, portanto, que o trabalho das assistentes sociais na coordenação
dos CRAS, quando orientada por uma perspectiva crítica e comprometida, se constitui como
um espaço estratégico de resistência, mediação e fortalecimento das políticas públicas. A
gestão, nesse sentido, deve ser reconhecida como uma dimensão indissociável do trabalho
profissional, exigindo permanente reflexão, qualificação e valorização no âmbito da
formação, prática do trabalho e da produção de conhecimento no Serviço Social. |