|
Abstract:
|
A utilização de recursos didáticos, com destaque para o uso de jogos, tem se
mostrado uma alternativa eficiente para superar a desmotivação e a dispersão dos
estudantes, sobretudo em disciplinas que exigem maior abstração e memorização
de conceitos, como a Química. No entanto, a simples diversificação de recursos
didáticos não é suficiente se tais recursos não incorporarem princípios de educação
inclusiva. Há muitas propostas de jogos didáticos no Ensino de Química, mas há
muitas lacunas em torno da acessibilidade. Neste sentido, de forma a corroborar
com esse desafio, este trabalho tem como objetivo desenvolver, aplicar e analisar as
potencialidades de um jogo didático acessível para estudantes com e sem
deficiência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que utilizou-se da técnica da
observação e de um instrumento de coleta de dados na forma de questionário, na
busca de aferir as potencialidades pedagógicas e inclusivas de um jogo didático
para estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, na disciplina de Química. A
análise dos dados evidenciou que o jogo apresentou importantes potencialidades
pedagógicas, como maior engajamento, ambiente de aprendizagem mais motivador
e melhor compreensão dos conteúdos, além de auxiliar na avaliação diagnóstica,
especialmente em relação à nomenclatura de compostos orgânicos. No campo da
inclusão, os estudantes reconheceram a importância dos recursos de Libras e
Braille, mesmo sem a participação de estudantes com deficiência sensorial. A
presença de estudantes com TEA e dislexia mostrou que o jogo também favoreceu
autoestima, interesse e sentimento de competência, reforçando o papel das
atividades lúdicas na aprendizagem. A experiência ainda destacou a necessidade de
discutir, no contexto escolar, as diferenças entre deficiência, transtornos de
aprendizagem e neurodiversidade, dada a dificuldade dos próprios estudantes em
distinguir esses conceitos. |