Validade de construto do inventário de ansiedade para doenças respiratórias (IAR) em indivíduos com covid longa.

Abstract

RESUMO

Introdução: A COVID-19 permanece um relevante problema de saúde pública global, mesmo após os avanços vacinais e a redução de casos graves. Uma parcela expressiva dos indivíduos infectados desenvolve a condição pós-COVID-19, denominada COVID longa, que se caracteriza por sintomas persistentes por mais de três meses. A ansiedade, em particular, apresenta prevalência elevada em sobreviventes da COVID-19 e pode ser influenciada tanto por fatores biológicos quanto psicossociais. Dessa forma, instrumentos válidos e sensíveis são essenciais para a triagem e avaliação dessa condição. O Inventário de Ansiedade para Doenças Respiratórias (IAR), adaptado para o contexto brasileiro, já demonstrou adequadas propriedades de medida em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e responsividade em indivíduos com COVID longa, porém, sua validade de construto ainda não havia sido investigada nessa população. Objetivo: Investigar a validade de constructo do IAR em indivíduos com COVID longa, por meio do teste de hipóteses, tendo como base instrumentos que avaliam construtos semelhantes ou relacionados. Como o Inventário de Ansiedade para Doenças Respiratórias (IAR), Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), Modified Pulmonary Functional Status and Dyspnea Questionnaire (PFSDQ), Modified Medical Research Council (mMRC). Método: Trata-se de um estudo metodológico baseado em dados secundários do projeto REabilitação Respiratória em Sobreviventes de Covid-19 (RE2SCUE), realizado entre 2021 e 2022 com adultos que apresentavam sintomas persistentes da COVID-19. Foram analisados dados de 101 participantes, coletados no baseline, utilizando-se o IAR, HADS, PFSDQ-M e mMRC. A análise estatística incluiu estatística descritiva, comparação de prevalências pelo teste qui-quadrado e correlação de Spearman para verificação das hipóteses de validade. Resultados: A prevalência de ansiedade foi de 77,2% pelo IAR e 63,4% pelo domínio de ansiedade da HADS, com diferença estatisticamente significativa entre as proporções (p= xxx). O IAR apresentou forte correlação com o domínio de ansiedade da HADS (rho = 0,73; p < 0,001); ao passo que a correlação com o domínio de depressão da HADS foi moderada (rho = xxx, p=xxx),. As correlações com PFSDQ-M (rho = xx, p=xxx) e mMRC (rho = xx, p=xxx) foram significativas, porém de menor magnitude. Conclusão: Os resultados do presente estudo demonstram que o IAR apresentou comportamento consistente com o construto teórico da ansiedade, indicando evidências de validade de construto em indivíduos com COVID longa. Dessa forma, o instrumento mostra-se potencialmente útil para a identificação de sintomas de ansiedade nessa população.

ABSTRACT

Introduction: COVID-19 remains a significant global public health problem, even after vaccine advances and a reduction in severe cases. A substantial proportion of infected individuals develop a post-COVID-19 condition, known as long COVID, characterized by persistent symptoms lasting more than three months. Anxiety, in particular, has a high prevalence in COVID-19 survivors and can be influenced by both biological and psychosocial factors. Therefore, valid and sensitive instruments are essential for screening and assessing this condition. The Respiratory Anxiety Inventory (RAI), adapted for the Brazilian context, has already demonstrated adequate measurement properties in patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) and responsiveness in individuals with long COVID; however, its construct validity had not yet been investigated in this population. Objective: To investigate the construct validity of the RAI in individuals with long COVID, through hypothesis testing, based on instruments that assess similar or related constructs. The following instruments were used to assess anxiety: the Respiratory Anxiety Inventory (RAI), Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), Modified Pulmonary Functional Status and Dyspnea Questionnaire (PFSDQ), and Modified Medical Research Council (mMRC). Method: This is a methodological study based on secondary data from the Respiratory Rehabilitation in COVID-19 Survivors (RE2SCUE) project, conducted between 2021 and 2022 with adults who presented persistent symptoms of COVID-19. Data from 101 participants, collected at baseline, were analyzed using the RAI, HADS, PFSDQ-M, and mMRC. Statistical analysis included descriptive statistics, comparison of prevalences using the chi-square test, and Spearman correlation to verify the validity hypotheses. Results: The prevalence of anxiety was 77.2% according to the RAI and 63.4% according to the anxiety domain of the HADS, with a statistically significant difference between the proportions (p= xxx). The IAR showed a strong correlation with the anxiety domain of the HADS (rho = 0.73; p < 0.001); while the correlation with the depression domain of the HADS was moderate (rho = xxx, p=xxx). Correlations with PFSDQ-M (rho = xx, p=xxx) and mMRC (rho = xx, p=xxx) were significant, but of smaller magnitude. Conclusion: The results of the present study demonstrate that the IAR showed behavior consistent with the theoretical construct of anxiety, indicating evidence of construct validity in individuals with long COVID. Thus, the instrument proves to be potentially useful for identifying anxiety symptoms in this population.