Modais epistêmicos no guineense

Abstract

Este trabalho teve por objetivo investigar se os itens modais pudi, dibi di e ten ku veiculam modalidade epistêmica no guineense. No primeiro capítulo, são apresentadas características geográficas, culturais, históricas e sociais da República da Guiné-Bissau, país originário do guineense. O segundo capítulo se ocupa do tema modalidade, abordando-o a partir de estudos feitos através das línguas. Neste capítulo, são mostradas as relação de um item modal com outras categorias funcionais, como negação, tempo e aspecto. Alguns autores retratados ali são Kratzer (1991), Cinque (1999), Hacquard (2011), Tsai (2015), Rizzi (1967) e Condoravdi (2002). No terceiro capítulo, apresentamos a metodologia da nossa pesquisa, que teve por base o Questionário Modal para Uso Interlinguístico, Revisado, de Vander Klok (2023). A partir da versão escrita do questionário de Vander Klok, desenvolvemos uma versão oral: nossos questionários foram integralmente gravados em língua guineense. O quarto capítulo traz a discussão dos resultados. Com a aplicação do primeiro questionário, uma de nossas hipóteses, a de que o modal ten ku não figura em contextos epistêmicos, foi corroborada. Com o segundo questionário, constatamos que os modais pudi e dibi di são empregados em contextos de modalidade epistêmica, diferentemente de ten ku, mal avaliado nesses contextos. O terceiro questionário, que se utilizou de perguntas com advérbios altos em posição IntP, confirmou o uso de pudi e dibi di em contextos epistêmicos; o modal ten ku não foi testado no terceiro questionário. O resultado dos três questionários aponta pudi e dibi di como modais epistêmicos no guineense, enquanto ten ku não, à semelhança do que ocorre no português brasileiro (cf. Pessotto 2015).

Abstract: This paper aimed to investigate whether the modal items pudi, dibi di and ten ku convey epistemic modality in Guinean. The first chapter presents the geographical, cultural, historical and social characteristics of the Republic of Guinea-Bissau, the country where Guinean originated. The second chapter deals with the theme of modality, approaching it from studies carried out across languages. This chapter shows the relationship of a modal item with other functional categories, such as negation, tense and aspect. Some authors portrayed there are Kratzer (1991), Cinque (1999), Hacquard (2011), Tsai (2015), Rizzi (1967) and Condoravdi (2002). In the third chapter, we present the methodology of our research, which was based on the Modal Questionnaire for Interlinguistic Use, Revised, by Vander Klok (2023). Based on the written version of Vander Klok's questionnaire, we developed an oral version: our questionnaires were recorded entirely in Guinean. The fourth chapter discusses the results. With the application of the first questionnaire, one of our hypotheses, that the modal ten ku does not appear in epistemic contexts, was corroborated. With the second questionnaire, we found that the modals pudi and dibi di are used in contexts of epistemic modality, unlike ten ku, which was poorly evaluated in these contexts. The third questionnaire, which used questions with high adverbs in the IntP position, confirmed the use of pudi and dibi di in epistemic contexts; the modal ten ku was not tested in the third questionnaire. The results of the three questionnaires indicate pudi and dibi di as epistemic modals in Guinean, while ten ku is not, similar to what occurs in Brazilian Portuguese (cf. Pessotto 2015).