Modelagem da disposição térmica em relação à sensação térmica de usuários de ambientes com ventilação híbrida

Abstract

O conforto térmico é definido como o estado de satisfação do ser humano em relação ao ambiente em que se encontra, sendo influenciado por fatores climáticos e ambientais, e por características individuais como idade, metabolismo, índice de massa corpórea e disposição térmica. A disposição térmica, por sua vez, reflete a tendência dos indivíduos de perceber calor ou frio em diferentes condições ambientais e modos de operação. A partir disso, este estudo analisou, por meio de diferentes modelos lineares estatísticos, a sensação térmica dos usuários de uma edificação de escritórios com ventilação híbrida (ar-condicionado e ventilação natural), localizada em Florianópolis/SC. Os dados analisados foram previamente coletados por meio de questionários eletrônicos e medições de variáveis ambientais. Os ocupantes da edificação em análise foram classificados em quatro grupos de disposição térmica, permitindo avaliar diferenças individuais na percepção de conforto térmico em função do modo de operação do ambiente. Os resultados deste estudo evidenciaram que a sensação térmica em ambientes de ventilação híbrida é determinada pela interação entre fatores ambientais (temperatura operativa e modo de operação) e individuais (disposição térmica, idade, índice de massa corpórea, metabolismo e gênero), assim como pelas diferenças subjetivas entre os ocupantes. Observou-se que a temperatura operativa é o principal fator determinante de conforto térmico, porém a disposição térmica individual é importante para explicar a variabilidade nas respostas dos usuários, evidenciando diferenças significativas na percepção de calor e frio entre os grupos de disposição térmica. A aplicação de modelos lineares de efeitos mistos permitiu capturar a variabilidade interindividual ao longo do tempo, revelando que mesmo em condições consideradas confortáveis, existem divergências nas respostas dos ocupantes. Desse modo, concluiu-se que a percepção térmica varia entre indivíduos, reforçando a importância de sistemas de ventilação que integrem fatores ambientais e diferenças subjetivas para promover o bem-estar dos ocupantes.