Viabilidade da predição de força muscular a partir do teste de força isométrica máxima com dinamômetro digital portátil: confiabilidade e fórmula de predição

Abstract

Introdução: O treinamento resistido deve ser prescrito considerando variáveis como a intensidade e a carga de treinamento e para a definição dessas podem ser utilizados métodos como o Teste de Uma Repetição Máxima (1RM) e o Teste de Força Isométrica Máxima (TFIM) com dinamômetro digital portátil. A eficácia desse tipo de dinamômetro é comprovada na mensuração da força máxima isométrica, mas não são encontradas evidências comprovando que resultados de um teste com esse instrumento podem ser utilizados diretamente para definir o percentual de carga de treinamento pré-estabelecido na literatura, assim como feito no caso dos resultados do Teste de Uma Repetição Máxima. Objetivo: Investigar a viabilidade da predição de força muscular a partir do TFIM com dinamômetro digital portátil, identificando a confiabilidade entre o Teste de Uma Repetição Máxima 1RM e o TFIM e realizando validação de uma fórmula de predição. Método: Trata-se de um estudo de desenvolvimento de método preditivo e confiabilidade intra e interavaliadores. Foram incluídos no estudo indivíduos jovens, saudáveis, de ambos os sexos e fisicamente ativos ou não. Quatro encontros foram realizados com cada participante, onde a primeira sessão foi reservada para familiarização aos testes a serem aplicados e as três sessões seguintes foram utilizadas para coleta dos testes de força. A randomização do avaliador responsável por cada sessão, bem como a ordem de aplicação dos testes foi realizada na sessão inicial e respeitada no decorrer das coletas. Em cada encontro, previamente aos testes, os indivíduos passavam por um aquecimento muscular específico para bíceps braquial e então realizavam o Teste de Uma Repetição Máxima e o Teste de Força Isométrica Máxima com dinamômetro, respeitando o intervalo de descanso entre as tentativas pré-estabelecido no protocolo da pesquisa. A reprodutibilidade dos testes isoladamente foi calculada através do Coeficiente de Correlação Interclasse (ICC), enquanto para a análise entre os testes verificou-se a validação concorrente, sendo adotado para ambos o intervalo de confiança de 95%. Uma equação preditiva foi desenvolvida a partir do modelo de regressão linear e sua validação cruzada foi realizada com uma amostra independente a partir do Teste T de Student do ICC entre os dados preditos pelo modelo e os valores originais coletados da amostra. Resultados: O ICC intra e inter-avaliadores do teste de 1RM apresentaram confiabilidade excelente, o ICC intra e inter-avaliadores do TFIM apresentaram confiabilidade boa e excelente, respectivamente. No caso da validação concorrente entre os testes, o ICC mostrou-se de baixa confiabilidade. A fórmula preditiva estabeleceu no modelo final as variáveis sexo, circunferência de bíceps dominante e valores de força do TFIM. O ICC para a amostra inicial e para a amostra independente após aplicação da predição foram de boa confiabilidade. Conclusão: O TFIM com dinamômetro digital portátil é um método eficaz para a avaliação de força muscular, com confiabilidade de boa a excelente. A validação concorrente entre o TFIM e o teste de 1RM possui confiabilidade baixa, concluindo assim que o TFIM pode ser utilizado para prescrição de cargas para TR somente mediante uso de fórmulas preditivas de valor de 1RM que podem aumentar de forma significativa as chances de correta aproximação ao 1RM real.

Abstract: Introduction: Resistance training should be prescribed by considering variables such as intensity and training load. Methods like the One Repetition Maximum Test (1RM) and the Maximum Isometric Strength Test (MIST) using a portable digital dynamometer can be used to define these variables. The effectiveness of this type of dynamometer is well established for measuring maximum isometric strength; however, there is no evidence confirming that results from this instrument can be directly used to define training load percentages as established in the literature, as is the case with 1RM results. Objective: To investigate the feasibility of predicting muscular strength using the Maximal Isometric Strength Test (MIST) with a portable digital dynamometer, by assessing the reliability between the One-Repetition Maximum (1RM) test and the MIST, and validating a predictive equation. Method: This is a methodological development study assessing predictive methods and intra- and inter-rater reliability. Young, healthy individuals of both sexes, physically active or not, were included. Each participant attended four sessions: the first was for familiarization with the tests, and the following three were for data collection. The evaluator responsible for each session, as well as the test application order, was randomized during the initial session and maintained throughout the study. In each session, participants underwent a specific warm-up for the biceps brachii before performing both the One Repetition Maximum Test and the Maximum Isometric Strength Test with the dynamometer, following pre-established rest intervals. The reproducibility of each test was calculated using the Coefficient of Concordance Intraclass (CCI), and concurrent validity between the tests was assessed, both using a 95% confidence interval. A predictive equation was developed using a linear regression model and cross-validated with an independent sample through a Student?s T-Test comparing CCI between predicted values and original collected values. Results: The intra- and inter-rater CCIs for the 1RM test showed excellent reliability. For the MIST, intra-rater CCI was good, and inter-rater CCI was excellent. However, concurrent validation between the tests showed low reliability. The final predictive model included sex, dominant biceps circumference, and MIST strength values as variables. The CCI for both the initial and independent samples after applying the prediction showed good reliability. Conclusion: The MIST using a portable digital dynamometer is an effective method for assessing muscle strength, with good to excellent reliability. However, concurrent validity between MIST and 1RM is low, suggesting that MIST should only be used for resistance training load prescription when accompanied by predictive formulas for estimating 1RM, which can significantly increase the accuracy of approximating the actual 1RM.