Influência da aplicação de gesso agrícola na produtividade da soja e na mobilidade de cátions em um Cambissolo

Abstract

A utilização do gesso agrícola em superfície na cultura da soja pode auxiliar na percolação de cátions (K+, Mg2+ e Ca2+) para camadas mais profundas do solo. O objetivo foi determinar se há a mobilidade desses cátions presente no solo e a sua influência na produtividade da soja. O experimento foi conduzido a campo no sistema de blocos casualizados, com 4 tratamentos e 4 repetições: 1) controle (0 ton gesso ha-1); 2) 1,25 ton gesso ha-1; 3) 2,5 ton gesso ha-1; e 4) 5,0 ton gesso ha-1 em um período de 2 safras (22/23 e 23/24). Em todos os tratamentos, a adubação potássica foi realizada em superfície na forma de KCl em quantidade equivalente a 270 kg ha- 1, a adubação fosfatada foi fornecida na forma de superfosfato triplo em dose equivalente a 73 kg ha-1 na linha de semeadura, sendo as quantidades de potássio e fosforo aplicados na cultura conforme recomendado pela análise de solo e interpretação segundo o manual de adubação e calagem do RS e SC, para expectativa de colheita de 5 ton. Na cultura da soja, foi avaliada a produtividade e a quantidade de K+, Mg2+ e Ca2+ presente no solo. O solo foi estratificado nas camadas de 0-2,5; 2,5-5; 5-10; 10-15; 15-20 e 20-40 cm de profundidade para avaliação do teor dos nutrientes. A determinação do teor dos nutrientes foram realizadas pela leitura das amostras de solo extraídas por Mehlich 1, KCl mol L-1 e posteriormente quantificadas em Espectrômetro de Absorção Atômica. A determinação da produtividade da cultura foi realizada após a maturação fisiológica e ajuste dos teores de umidade. Os teores de K no solo para a primeira safra demonstraram que o tratamento testemunha foi superior ao tratamento com 2,5 e 5 ton para a camada superficial. O Ca apresentou maiores teores na primeira safra para o tratamento 4 em relação aos demais para as camadas 0-2,5 cm e 15-20 cm. Para a camada 2,5-5 cm o tratamento com 5 ton apresentou maiores valores de Ca em comparação com o tratamento controle. No segundo ano de cultivo o tratamento 5ton, apresentou maior concentração na camada de 2,5-5 cm em comparação com os demais, e a camada 15-20 cm o tratamento com 1,25 ton de gesso apresentou as menores quantidades de Ca em comparação com os tratamentos de 2,5 e 5 ton, já o tratamento testemunha (0 ton) apresentou maiores quantidades de Ca para a mesma camada de solo. Os teores de Mg diferiram para a segunda safra, que apresentou teores maiores na camada de 0-2,5 cm para o tratamento testemunha (0 ton) em comparação aos tratamentos de 2,5 ton e 5 ton CaSO4. Em relação a produtividade da soja, houve um incremento na produção somente para a primeira safra e no tratamento de 1,25 ton ha-1 em relação aos demais tratamentos. A aplicação de gesso agrícola a 1,25 ton ha-1 trouxe maiores resultados para o rendimento da cultura durante o primeiro ciclo, e não demonstrou diferenças significativas para a percolação dos nutrientes em duas safras, para o presente solo

The use of agricultural gypsum applied to the surface in soybean cultivation can assist in the leaching of cations (K+, Mg2+, and Ca2+) to deeper soil layers. The objective was to determine whether these cations are mobile in the soil and their influence on soybean yield. The field experiment was conducted in a randomized block design with four treatments and four replicates: 1) control (0 tons of gypsum ha⁻¹); 2) 1.25 tons of gypsum ha⁻¹; 3) 2.5 tons of gypsum ha⁻¹; and 4) 5.0 tons of gypsum ha⁻¹ over two cropping seasons (22/23 and 23/24). In all treatments, potassium fertilization was applied to the surface in the form of KCl at a rate of 270 kg ha⁻¹. Phosphorus fertilization was provided in the form of triple superphosphate at a rate of 73 kg ha⁻¹ in the planting furrow. Potassium and phosphorus amounts were applied based on soil analysis and recommendations from the fertilization and liming manual of RS and SC, aiming for a yi eld of 5 tons. In soybean cultivation, yield and the quantities of K+, Mg2+, and Ca2+ present in the soil were evaluated. The soil was stratified into layers of 0–2.5, 2.5–5, 5– 10, 10–15, 15–20, and 20–40 cm depth to assess nutrient content. Nutrient levels were determined by analyzing soil samples extracted using Mehlich 1 and KCl mol L⁻¹ solutions, followed by quantification with Atomic Absorption Spectrometry. Yield was determined after physiological maturity, with adjustments made for moisture content. Soil K levels in the first season showed that the control treatment had higher values in the surface layer compared to the 2.5 and 5-ton treatments. Ca levels were higher in the first season for treatment 4 compared to the others in the 0–2.5 cm and 15–20 cm layers. In the 2.5–5 cm layer, the 5-ton treatment showed higher Ca levels than the control. In the second season, the 5-ton treatment had the highest concentration in the 2.5–5 cm layer, while in the 15–20 cm layer, the 1.25-ton treatment had the lowest Ca levels compared to the 2.5 and 5-ton treatments. The control treatment (0 tons) showed the highest Ca levels in the same soil layer. Mg levels differed in the second season, with higher values in the 0–2.5 cm layer for the control treatment (0 tons) compared to the 2.5 and 5-ton treatments. Regarding soybean yield, there was an increase in production only in the first season with the 1.25-ton ha⁻¹ treatment compared to the others. Applying agricultural gypsum at 1.25 tons ha⁻¹ resulted in better yield during the first cycle but did not show significant differences in nutrient leaching over the two seasons in the studied soil.