A expressão do elogio em cartas do século XX destinadas ao maestro mexicano Carlos Chávez

Abstract

Este estudo discute o uso do elogio em correspondências do século XX escritas para o maestro mexicano Carlos Chávez. A análise pretende examinar em que medida o elogio representa uma ameaça para a imagem negativa do interlocutor, como propõem Brown e Levinson (1987), e acionar discussões que possam dar luz para as manifestações que essa teoria não contempla. Nesse sentido, o fenômeno do elogio, caracterizado por Maíz-Arévalo (2020) e Reyes López (2014), dialoga com a Teoria da cortesia verbal de Brown e Levinson (1987) e os campos teóricos que fundamentaram essa teoria: os estudos da linguagem de Goffman (1970), Grice (1982), Austin (1990 [1962] e Searle (1976). Além disso, leva-se em consideração os estudos sobre os gêneros do discurso (Marcuschi, 2002), mais especificamente o texto epistolar (Tin, 2005) e sua manifestação escrita com marcas de oralidade (Koch; Oesterreicher, 2007). Os procedimentos utilizados envolvem a análise documental de abordagem interpretativa qualitativa e quantitativa. O material base para a análise é um acervo de documentos disponibilizado pelo núcleo [estudios en] Corpus del español escrito con marcas de oralidad (CEEMO), que conta com cartas do Archivo General de la Nación ? Cidade do México (MX). As amostras fazem parte do Corpus Correspondencias Internacionales a Carlos Chávez (CICC), com cartas recebidas por Carlos Chávez, pianista, regente de orquestra, professor e um dos compositores mais importantes do século XX. As missivas em análise têm como origem os seguintes contextos geográficos: Argentina, México, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela. A análise permitiu verificar que, de 59 elogios, apenas um dado (1,7% das ocorrências) representa risco para a imagem negativa do interlocutor e, portando, a interpretação dos elogios não está contemplada na classificação de Brown e Levinson (1987). Esses resultados indicam que, para este corpus, prevalece a elaboração do elogio em atenção ao desejo de aprovação do interlocutor, o que se aproxima da proposta de Kerbrat-Orecchioni (2006) de que o elogio é um ato que produz efeito valorizante e atua no reforço da imagem positiva.

Abstract: This study discusses the use of praise in 20th century correspondence written to the Mexican conductor Carlos Chávez. The analysis aims to confirm whether compliment represents a threat to the interlocutor's desire for freedom of action, as proposed by Brown and Levinson (1987). In this sense, the phenomenon of compliment, characterized by Maíz-Arévalo (2020) and Reyes López (2014), dialogues with Brown and Levinson's (1987) theory of verbal politeness and the theoretical fields that support this theory: the language studies of Goffman (1970), Grice (1982), Austin (1990 [1962] and Searle (1976). It also takes into account studies on discourse genres (Marcuschi, 2002), more specifically the epistolary text (Tin, 2005) and its written manifestation with marks of orality (Koch; Oesterreicher, 2007). The procedures used involve document analysis with a qualitative and quantitative interpretative approach. The base material for the analysis is a collection of documents made available by the Corpus del español escrito con marcas de oralidad (CEEMO), which includes letters from the Archivo General de la Nación - Mexico City (MX). The samples are part of the Corpus Correspondencias Internacionales a Carlos Chávez (CICC), with letters received by Carlos Chávez, pianist, orchestra director, teacher and one of the most important composers of the Mexican 20th century. The letters under analysis originate from the following geographical contexts: Argentina, Mexico, Puerto Rico, Dominican Republic and Venezuela. The analysis showed that out of 59 compliments, only one (1.7% of occurrences) posed a risk to the negative face of interlocutor and, therefore, the interpretation of the compliment was not included in Brown and Levinson's (1987) classification. These results indicate that, for this corpus, compliment is given in response to the interlocutor's desire for approval, which is close to Kerbrat-Orecchioni's (2006) proposal that compliment is an act that produces an enhancing effect and acts to reinforce a positive face.