Das páginas das revistas às postagens em redes sociais digitais: discursos e representações de gênero no perfil da revista Claudia no Instagram

Abstract

As revistas femininas, especialmente a partir da segunda metade do século XX, consolidaram-se como importantes instâncias culturais que desenvolveram para construir muito da subjetividade e identidade de seus leitores. Enquanto naquela época as revistas faziam o papel de amigas e conselheiras, dando limites de moda, beleza, cuidados com a casa e com os filhos, dicas culinárias, e normatizando condutas amorosas; hoje, passados ??mais de 60 anos da popularização dessas revistas no Brasil, são as redes sociais digitais que ditam moda e preceituam comportamentos. Com o advento da internet e das redes sociais digitais, além do amplo espaço de circulação discursiva que essas redes se comportam, muitas são as transformações agregadas ao imaginário relativo aos modos de comportamento das mulheres. Nesse novo contexto de digitalização das informações e das relações humanas, a mídia exposta para o público feminino precisou se reinventar e as páginas das revistas abertas para as mulheres passaram do papel às redes sociais digitais. Uma publicação desse tipo que existe por mais tempo no Brasil e que, mesmo com todas as transformações sofridas, ainda tem um público específico de leitoras e seguidoras em suas redes sociais digitais é a revista Claudia, do grupo Abril, lançada em 1961. Mesmo com a transformação de público e de suporte, os discursos trazidos por Claudia em suas postagens nas redes sociais digitais ainda indicam e reverberam modos de ser na sociedade atual, contribuindo na formação de imaginários, identidades e subjetividades. Consoante isso, objetivou-se analisar as postagens do perfil de Claudia na rede social digital Instagram entre fevereiro/2021 e março/2022, período marcado pela campanha ?Mulheres Plurais?, promovida pela revista. A intenção foi buscar perceber os discursos e imagens retratados através das observações e, a partir disso, evidenciar as mudanças e permanências entre as representações de gênero atualmente difundidas com relações sérias presentes nas páginas das revistas da década de 1960, quando a publicação surgiu . Entre mudanças e permanências, foi possível perceber que Claudia se atualiza às novas concepções de gênero, mantendo-se próxima aos fatos cotidianos e às conquistas e reivindicações sociais. Contudo, de um modo geral, seu discurso textual e imagético ainda é ponta para uma mídia que coloniza imaginários ao priorizar concepções hegemônicas de gênero, beleza, comportamento e consumo, e deixando abordagens sobre pautas de diversidade e justiça social relegadas a situações que se popularizam na internet.

Abstract: Women's magazines, especially from the second half of the 20th century onwards, consolidated themselves as important cultural instances that contributed to build much of their readers' subjectivity and identity. While at that time the magazines played the role of friends and advisers, giving advice on fashion, beauty, home and child care, culinary tips, and standardizing loving conduct; today, more than 60 years after the popularization of these magazines in Brazil, it is the digital social networks that dictate fashion and prescribe behavior. With the advent of the internet and digital social networks, in addition to the wide space for discursive circulation that these networks entail, there are many transformations added to the imaginary regarding the ways women behave. In this new context of digitization of information and human relations, the media aimed at the female audience had to reinvent itself and the pages of magazines aimed at women went from paper to digital social networks. The publication of this type that has existed for the longest time in Brazil and which, despite all the transformations it has undergone, still has a considerable readership and followers on its digital social networks is Claudia magazine, from the Abril group, launched in 1961. Even with the transformation of audience and support, the speeches brought by Claudia in her posts on digital social networks still indicate and reverberate ways of being in today's society, contributing to the formation of imaginaries, identities and subjectivities. Accordingly, the objective was to analyze Claudia's profile posts on the digital social network Instagram between February/2021 and March/2022, a period marked by the ?Femininos Plurais? campaign, promoted by the magazine. The intention was to seek to perceive the speeches and images portrayed through the analyzed posts and, from this, to highlight the changes and permanences between the gender representations currently widespread in relation to those present in the pages of magazines from the 1960s, when the publication appeared. Between changes and permanence, it was possible to perceive that Claudia is updated to the new conceptions of gender, keeping close to everyday facts and social conquests and claims. However, in general, its textual and imagery discourse still points to a media that colonizes imaginaries by prioritizing hegemonic conceptions of gender, beauty, behavior and consumption, and leaving approaches on diversity and social justice guidelines relegated to situations that become popular on the Internet.