Políticas Educacionais e Educação em Ciências: fundamentos teórico-conceituais, formação de professores e prática pedagógica

Abstract

Num contexto de disputa entre interesses em relação aos rumos e objetivos da educação básica, grupos vinculados a diferentes instituições públicas e privadas – visam influenciar nos currículos educacionais e na formação dos professores, além de direcionar as políticas educacionais. Uma evidente expressão e materialização da disputa entre público e privado no Brasil e o fortalecimento histórico do neoliberalismo e neoconservadorismo pode ser encontrado na elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).O referencial teórico e metodológico que fundamenta a pesquisa consiste no Materialismo Histórico e Dialético. Objetivamos neste trabalho, mapear e sistematizar as propostas curriculares para o Ensino de Ciências da Natureza dos estados da região Norte do Brasil. Analisamos os documentos comparativamente e discutimos as bases materiais que permeiam e influenciam na elaboração de políticas educacionais brasileiras. A partir da análise dos dados, pudemos observar diversas semelhanças no conteúdo e organização das propostas devido ao seu alinhamento na BNCC. Além disso, destacamos: (1) a redução da carga horária dos componentes curriculares da área de Ciências da Natureza; (2) uma maior fragmentação e superficialidade nos conteúdos; (3) um grande enfoque nas competências socioemocionais e uma perspectiva utilitarista das ciências. A partir da análise e discussão dos dados, constata-se que diante de um mundo de incertezas, crise estrutural do capital, crises ambientais, crises sociais, percebe-se o interesse do empresariado envolvido com a educação de preparar os estudantes para um mercado de trabalho instável. Isso materializa-se no incentivo ao estabelecimento de novos perfis de qualificação de mão de obra, a saber, indivíduos resilientes, competitivos e que utilizam seus conhecimentos para a remediação de problemas.