O "professor do século XXI": seus principais determinantes e sua caracterização em face do Novo Ensino Médio (2016-2022)

Abstract

No ano de 2016 após a destituição, via impeachment, da presidenta eleita Dilma Rousseff, começou um processo intenso de reforma do Ensino Médio. Em setembro se decretou a Medida Provisória n° 746, e cinco meses depois se instituiu a Lei n° 13.415/2017, definindo os objetivos e bases para a estruturação curricular do Novo Ensino Médio. Particularmente em Santa Catarina se implementou o Ensino Médio Integral em Tempo Integral (EMITI), um programa piloto que materializava as disposições da lei. Em 2019 e 2021 se formularam as orientações para a implementação, em 2022, do Novo Ensino Médio em todo o Estado catarinense. Nesse contexto, este trabalho de pesquisa objetivou conhecer as características do trabalho do professor no Novo Ensino Médio, chamado de ?professor do século XXI?, a partir das orientações ao programa EMITI (2017) e do Currículo Base do Ensino Médio para o Território Catarinense (2021). Também se objetivou desvelar os principais determinantes para a configuração do perfil do ?professor do Século XXI? e por último discutir as possíveis consequências pedagógicas e políticas para o trabalho docente. Metodologicamente analisamos os documentos orientadores para a implementação do Novo Ensino Médio principalmente do programa piloto EMITI e complementamos com os documentos do Currículo Base para o Território Catarinense, abordando o contexto da reforma através dos documentos dos Organismos Multilaterais, especialmente o Relatório Delors (1996) e as sínteses do Banco Mundial para a educação: ?Educação 2020? e ?Educação 2030?. Conclui-se que o ?professor do século XXI?, expresso nas disposições do Novo Ensino Médio, tem como principais determinantes os interesses advindos da reorganização produtiva do capitalismo mundial, demandando da escola a formação de jovens para se inserir no setor de serviços em relações formais ou informais de trabalho, e para conter as resistências e ?explosões? juvenis, frente ao desemprego e falta de relações estáveis de trabalho. Deste modo, o ?professor do século XXI? se caracteriza pela artificialização do seu trabalho, sendo reconvertido, desintelectualizado, padronizado, responsabilizado, consequência de seu trabalho ser reduzido à figura de acompanhante do processo de formação dos estudantes.

Abstract: In 2016, after the impeachment of the elected president Dilma Rousseff, an intense process of high school reform began. In September, Provisional Measure No. 746 was decreed, and five months later Law No. 13.415/2017 was instituted, defining the goals and bases for the curricular structure of the New High School. Particularly in Santa Catarina the Integral Full-Time High School (EMITI) was implemented, a pilot program that materialized the provisions of the law. In 2019 and 2021, guidelines were formulated for the implementation, in 2022, of the New High School throughout the state of Santa Catarina. In this context, this research work aimed to know the characteristics of the teacher's work in the New High School, called \"21st century teacher\", from the guidelines to the EMITI program (2017) and the High School Base Curriculum for the Santa Catarina Territory (2021). We also aimed to unveil the main determinants for the configuration of the \"21st century teacher\" profile and, finally, discuss the possible pedagogical and political consequences for the teaching work. Methodologically, we analyzed the guiding documents for the implementation of the New High School, especially the EMITI pilot program, and complemented it with the documents of the Curriculum Base for the Santa Catarina Territory, approaching the context of the reform through the documents of the Multilateral Organizations, especially the Delors Report (1996) and the syntheses of the World Bank for education: \"Education 2020\" and \"Education 2030\". We conclude that the \"21st century teacher\", expressed in the provisions of the New High School, has as its main determinants the interests arising from the productive reorganization of world capitalism, demanding from the school the training of young people to be inserted in the service sector in formal or informal labor relations, and to contain the resistance and juvenile \"explosions\", facing unemployment and lack of stable labor relations. In this way, the \"twenty-first century teacher\" is characterized by the artificialization of his or her work, being reconverted, disintellectualized, standardized, and made accountable, as a result of his or her work being reduced to the figure of a companion in the students' training process.