O conceito de liberdade em Paulo Freire: implicações filosófico-pedagógicas para o trabalho escolar em educação linguística

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O conceito de liberdade em Paulo Freire: implicações filosófico-pedagógicas para o trabalho escolar em educação linguística

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Title: O conceito de liberdade em Paulo Freire: implicações filosófico-pedagógicas para o trabalho escolar em educação linguística
Author: Narciso, Carolina Fabricia
Abstract: Esta pesquisa teve como objetivo investigar, ancorada no materialismo histórico-dialético, a concepção de liberdade na obra freireana. Partindo do problema da liberdade no contexto contemporâneo, delineamos a noção de liberdade em voga pelo sistema capitalista, associada ao paradigma liberal e neoliberal, como ponto de partida. De igual modo, realizamos a defesa por uma concepção de liberdade como ponto de chegada do processo revolucionário e alinhada à teoria marxiana. Como objetos de análise, tomamos as publicações mais elementares da obra freireana: Educação como prática da Liberdade (1996 [1965]), Pedagogia do Oprimido (1987 [1968]), Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido (2013 [1992]) e Pedagogia da Autonomia (2002 [1996]). Analisando tais obras, pudemos desvelar a fenomenologia existencialista como principal, mas não único, fundamento filosófico da obra freireana. Do mesmo modo, apresentamos a concepção de liberdade na obra freireana em correlação com aspectos da formação/tomada de consciência como processo de conhecimento da realidade opressora, mas atrelada à cotidianidade do sistema capitalista; assim como a noção de liberdade tomada como autonomia dos indivíduos, atrelada ao contexto imediato do processo de ensino e aprendizagem, assumindo uma noção de liberdade como participação cidadã crítica na democracia. Destacamos, enfim, que a obra freireana pode adensar ? com suas contribuições e limitações ? o debate sobre a educação linguística e os princípios fundamentais que o campo deve considerar na concepção de projetos formativos que buscam a superação do modelo educacional adaptativo em voga no país. Nessa direção, destacamos como implicações para o trabalho escolar com língua, da tomada da noção de liberdade na obra freireana, duas assunções. A primeira delas, assumindo que é delineada na obra freireana uma noção de liberdade como participação, defendemos que, por mais que ela esteja cerceada de um posicionamento pedagógico crítico quando assume a luta por um projeto formativo a serviço da educação dos trabalhadores, que tenta superar os ditames tradicionais da educação bancária que operavam no período de ditadura militar, fica estabelecida de forma geral, uma noção de liberdade estritamente ligada ao processo pedagógico, na qual parte-se da perspectiva de uma prática social circunscrita ao cotidiano dos estudantes, na forma de autonomia e liberdade do educando. A segunda, elencando a noção de prática social como elemento fundamental no debate sobre o desenvolvimento de projetos de ensino de língua, defendemos a noção de liberdade como participação (que ainda que crítica) pode resultar, como implicação para o trabalho escolar, (i) na associação ao paradigma da educação escolar neoliberal, segundo o qual há a redução das necessidades dos educandos àquelas que estão estritamente ligadas pragmatismo da vida cotidiana produzida pelo capital; (ii) no risco, também, no que compete ao ensino da língua escrita, de se recair nos usos sociais da escrita por si e em si mesmos como finalidade (CHRAIM, 2022). À guisa de considerações finais, retomamos as contradições presentes no escopo de uma noção de liberdade que pode se alinhar, de certo modo, à liberdade como ponto de partida e, também, como ponto de chegada (não aos moldes da teoria marxiana) e as implicações da assunção dessas noções para pensar projetos educativos que podem se voltar ou para a manutenção ou para a transformação da sociedade.Abstract: This research aimed to investigate, anchored in historical-dialectical materialism, the conception of freedom in Paulo Freire's work. Starting from the problem of freedom in the contemporary context, we outline the notion of freedom in vogue by the capitalist system, associated with the liberal and neoliberal paradigm, as a starting point. Likewise, we defend a conception of freedom as the point of arrival of the revolutionary process and aligned with Marxian theory. As objects of analysis, we took the most elementary publications of Freire's work: Education as a Practice of Freedom (1996 [1965]), Pedagogy of the Oppressed (1987 [1968]), Pedagogy of Hope: a reunion with the Pedagogy of the Oppressed (2013 [1992]) and Pedagogy of Autonomy (2002 [1996]). Analyzing such works, we were able to reveal the existentialist phenomenology as the main, but not the only, philosophical foundation of Freire's work. In the same way, we present the conception of freedom in Freire's work in correlation with aspects of the formation/gathering of conscience as a process of knowledge of the oppressive reality, but linked to the daily life of the capitalist system; as well as the notion of freedom taken as the autonomy of individuals, linked to the immediate context of the teaching and learning process, assuming a notion of freedom as critical citizen participation in democracy. Finally, we emphasize that Freire's work can deepen - with its contributions and limitations - the debate on linguistic education and the fundamental principles that the field must consider in the design of training projects that seek to overcome the adaptive educational model in vogue in the country. In this direction, we highlight as implications for the school work with language, of taking the notion of freedom in Freire's work, two assumptions. The first of them, assuming that a notion of freedom as participation is outlined in Freire's work, we argue that, as much as it is constrained by a critical pedagogical position when it assumes the struggle for a training project at the service of the education of workers, which tries to overcome the traditional dictates of banking education that operated in the period of military dictatorship, a notion of freedom strictly linked to the pedagogical process is established, in which it starts from the perspective of a social practice limited to the daily life of students, in the form of autonomy and freedom of the learner. The second, listing the notion of social practice as a fundamental element in the debate on the development of language teaching projects, we defend the notion of freedom as participation (which although critical) can result, as an implication for school work, (i) in the association with the neoliberal school education paradigm, according to which the needs of students are reduced to those that are strictly linked to the pragmatism of everyday life produced by capital; (ii) the risk, also, in what concerns the teaching of written language, of falling back into the social uses of writing for itself and in itself as a purpose (CHRAIM, 2022). By way of final considerations, we resume the contradictions present in the scope of a notion of freedom that can align, in a way, to freedom as a starting point and, also, as an arrival point (not in the molds of Marxian theory) and the implications of the assumption of these notions to think about educational projects that can turn either to the maintenance or to the transformation of society.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2022.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/243626
Date: 2022


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