Abstract:
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O biogás se apresenta como uma fonte energética alternativa e sustentável, que pode
suprir parte da demanda das atividades humanas, além de restringir a emissão de gases
do efeito estufa na atmosfera. O biogás é produzido durante a digestão anaeróbia de
matéria orgânica, mediada pela ação de microrganismos, e que pode ser realizada em
biodigestores ou em reatores anaeróbios para tratamento de efluentes. Resíduos sólidos
orgânicos, provenientes das atividades humanas podem ser utilizados no processo de
digestão anaeróbia para a produção de biogás. Esta é uma alternativa interessante para
locais onde há grande produção este resíduo, como é o caso do restaurante universitário
da Universidade Federal de Santa Catarina. Sendo assim, o presente trabalho buscou
avaliar o potencial de produção de biogás utilizando os resíduos sólidos orgânicos
provenientes do restaurante universitário, e o seu uso como alternativa ao gás liquefeito
de petróleo utilizado na cozinha do restaurante. Neste trabalho, o RSO foi coletado e
caracterizado em relação ao seu teor de sólidos e DQO. O RSO foi utilizado como
substrato para a digestão anaeróbia em sistema de bancada de tubos eudiômetros, onde o
biogás foi quantificado. Avaliação da composição dos gases foi realizada utilizando
medidor portátil. O restaurante universitário produz mensalmente 2755,50 Kg de resíduo
sólido orgânico, que possui um teor de sólidos voláteis de 291,5 g/Kg, e uma demanda
química de oxigênio de 985,4 mg/gSV. O valor médio de volume de biogás produzido foi
de 830,5 ± 56,5 mL, sendo que o biogás apresentou 48,55% em CH4, 37,8 % em CO2,
2,35% em O2, 1085 ppm em H2S e 10,8% em outros gases. O biogás apresentou-se com
composição de metano um pouco abaixo do que é reportado na literatura para resíduo
sólido orgânico (405,9 mL CH4/g SV). O biogás produzido pela digestão anaeróbia dos
resíduos sólidos orgânicos do restaurante universitário poderia suprir 8,22% do GLP
utilizado nas atividades de cocção. O custo médio mensal de R$27.454,00 com o uso do
GLP comercial poderia ser reduzido para R$ 25.197,28, ou seja, traria uma economia de
R$ 2.256,71 ao mês. Embora o percentual de GLP que possa ser substituído pelo biogás
ser relativamente baixo, a digestão anaeróbia do resíduo sólido orgânico do Restaurante
Universitário é uma alternativa ao seu envio para aterro sanitário. Além disso, a adição
dos resíduos orgânicos gerados no campus universitário, bem como do restaurante do
Centro de Ciências Agrárias, poderia trazer um incremente na produção de biogás. |