Abstract:
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Introdução: A epilepsia é uma doença neurológica crônica que compromete a qualidade de vida de 2% da população mundial, onde 20-30% não obtêm controle satisfatório das crises epilépticas mesmo com o advento de modernos fármacos antiepilépticos e diversas modalidades de tratamentos cirúrgicos. Nos últimos 20 anos, observou-se o ressurgimento da dieta cetogênica (DC) como alternativa terapêutica para estes pacientes com epilepsia farmacorresistente e não-candidatos a tratamento cirúrgico, sendo a dieta Atkins modificada (DAM) a que apresenta menor restrição alimentar, maior tolerabilidade e melhor palatabilidade. Sabe-se que a redução do número de crises, aumenta a qualidade de vida destes pacientes. O número de crises também pode ser afetado por oscilações hormonais que podem acometer ambos os sexos: variações hormonais dos ciclos menstruais, hormônios andrógenos e estradiol. Objetivo: analisar o efeito da DC em pacientes com epilepsia farmacorresistente, em um hospital público, Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago SC/BRASIL, em marcadores hormonais. Métodos: aplicação da DAM, os pacientes foram inscritos a partir de março de 2017 e acompanhados até janeiro de 2020. Foram avaliados: progesterona, testosterona, estradiol, cortisol, prolactina, hormônio estimulador da tireoide (TSH) e hormônio luteinizante (LH). Além disso, foram avaliados os efeitos adversos associados à DAM e à frequência das crises. Resultados: Nas mulheres, houve uma redução significativa no FSH (p = 0,006), progesterona (p <0,001) e estradiol (p <0,001) do momento pré-dieta para 12 semanas, e no LH (p <0,001) de 4 a 12 semanas. Houve também um aumento significativo no cortisol (p <0,001) de 4 a 12 semanas e na testosterona (p <0,001) desde o início até 4 semanas e de 4 semanas a 12 semanas. Pacientes do sexo masculino tiveram níveis diminuídos de prolactina (p = 0,041) da linha de base para 4 semanas, a progesterona também diminuiu (p = 0,039) no mesmo período. E um TSH significativamente reduzido (p <0,001) do período pré-dieta para 4 e 12 semanas. Conclusão: A DC foi eficaz, considerando que os pacientes alcançaram uma redução mínima de 50% na frequência das crises. As mudanças hormonais mostraram-se significativas ao longo do tempo para prolactina e TSH no sexo masculino e FSH, LH progesterona, estradiol, testosterona e cortisol para o sexo feminino, o que pode ter corroborado para o controle das crises. Porém estudos com maior tempo de duração precisam ser realizados para melhor compreensão se os diferentes protocolos de DC alteram ou não o perfil hormonal em ambos os sexos. |