Title: | "É proibido falar crioulo": um relato etnográfico sobre colonialidade, ensino de língua e políticas linguísticas na Guiné-Bissau |
Author: | Dias, Christiane da Silva |
Abstract: |
Nesta tese recorro ao conceito de colonialidade (QUIJANO, 2009; MIGNOLO, 2017) para compreender as concepções de língua, ensino de língua e políticas linguísticas no espaço-tempo pós-colonial da Guiné-Bissau. Faço isso por meio de um relato de cunho etnográfico, cujo pressuposto é uma visão crítica da política linguística, ao considerar as pessoas envolvidas na pesquisa como agentes políticos ativos, atentando também para o conhecimento e sentido atribuídos à língua, construídos localmente. Por isso, inspiro-me em outros trabalhos que problematizam o regime de verdade que levou à ?invenção das línguas? (FARDON; FURNISS, 1993; MAKONI; PENNYCOOK, 2006; SEVERO, 2016) em antigas possessões coloniais e o surgimento de um ?problema linguístico? a ser resolvido. O ponto de partida desta pesquisa é um trabalho de campo realizado em Bissau, capital da Guiné-Bissau, entre 2018 e 2019, baseado, principalmente, na observação participante das vivências da capital e dos posicionamentos de professores de língua portuguesa, durante um curso livre bastante popular, promovido no Centro Cultural Brasil-Guiné-Bissau; além de entrevistas com intelectuais guineenses e autoridades da educação pública. As ponderações teóricas aqui contidas têm como base os discursos enunciados pelos professores de língua portuguesa em ambiente de aula, reunião ou conversas gravadas; entrevistas; e análise documental e bibliográfica. A discussão apresentada evidencia impressões de que a manutenção de dispositivos coloniais está presente, por exemplo, nas políticas linguísticas e educacionais locais moldadas pela ideologia da língua legítima (BOURDIEU, 2008) e que se desdobram em rupturas sociais (os que falam e os que não falam a língua oficial) e, por causa disso, apresenta resistências. Percebe-se, assim, na oficialidade de línguas europeias em Estados africanos, um indício da continuidade das políticas linguísticas coloniais (NASSUM, 1994). Dessa maneira, acredito, a partir de um microcosmo do contexto pós-colonial africano, contribuir para reflexões que se preocupem em visibilizar as formas de significado elaboradas pelas pessoas inseridas nos contextos de estudos sobre políticas linguísticas. Abstract: In this thesis, I appeal to the notion of coloniality (QUIJANO, 2009; MIGNOLO, 2017) to understand the conceptions of language, language teaching and language policies in the post-colonial time/space of Guinea-Bissau. I will do it through an ethnographic basis approach, with a critical view over language policy, considering the people involved in the research as political actors, paying attention also to the knowledge and meaning designated to language, as locally constructs. Therefore, I am inspired from other works which discuss the regime of truth that led to the \"invention of languages\" (FARDON; FURNISS, 1993; MAKONI; PENNYCOOK, 2006; SEVERO, 2016) in former colonial possessions and the emergence of a \"language problem\" to be solved. The starting point of this research is fieldwork conducted in Bissau, the capital of Guinea-Bissau, between 2018 and 2019, based mainly on participant observation of experiences of the capital and the performances of Portuguese language teachers during a popular free class promoted at the Centro Cultural Brasil-Guiné-Bissau; as well as interviews with Guinean intellectuals and officials from the public educational system. The theoretical background contained herein are based on the discourses enunciated by the Portuguese language teachers in a classroom environment, work meetings or recorded conversations; interviews; and documentary and bibliographic research. The discussion presented here shows impressions that the maintenance of colonial devices is present, for example, in local language and educational policies shaped by the ideology of the legitimate language (BOURDIEU, 2008) which unfolds in social breakdowns (those who speak and those who do not speak the official language) and, because of that, produces resistance. The official European languages in African states are a sign of the perseverance of the colonial language policies (NASSUM, 1994). Therefore, I consider, based on a microcosm of the African post-colonial scenario, that I may contribute to developing reflections concerned with making visible the ways of meaning drawn up by those who are involved in the contexts of researches on language policies. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2021. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/227033 |
Date: | 2021 |
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PLLG0831-T.pdf | 2.655Mb |
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