Abstract:
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As oficinas mecânicas são estabelecimentos pertencentes à indústria de reparação automotiva que atuam nas demandas geradas a partir das vendas do setor automobilístico. Com relevância no mercado nacional, esses empreendimentos oferecem serviços como troca de óleo lubrificante, manutenções periódicas, regulagem de motores e substituição de componentes elétricos. Do ponto de vista ambiental, as oficinas oferecem riscos à medida que manipulam diversos agentes poluidores durante a realização de suas atividades. Nesse sentido, a gestão ambiental se apresenta como um importante instrumento para o gerenciamento dos aspectos ambientais e a consequente redução dos impactos ambientais desse setor. Dando suporte normativo, surge a norma ABNT NBR ISO 14.001/2015, que apresenta os requisitos para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), trazendo benefícios como vantagem competitiva, minimizando riscos e criando oportunidades. O presente trabalho propôs a aplicação de SGAs em oficinas mecânicas, por meio de um estudo de caso em uma oficina em São José (SC), com base na fase de planejamento da ISO 14.001. Para tanto, buscou-se identificar áreas e processos, levantar aspectos e impactos ambientais e propor medidas mitigadoras a fim de minimizar os impactos mais significativos. Ainda, foram realizados o levantamento dos requisitos legais aplicáveis e a elaboração da política ambiental da empresa. Para o cumprimento dos objetivos propostos, a metodologia foi fundamentada na realização de visitas semanais ao local, análise documental, entrevistas com o proprietário e colaboradores, além de consultas a bibliografias e a órgãos ambientais. A caracterização da oficina resultou na identificação de 9 áreas, onde são realizadas 29 atividades e processos, relacionados principalmente com manutenção veicular e armazenagem de resíduos gerados. O levantamento dos aspectos ambientais listou um total de 59, divididos nas categorias: uso de recursos naturais, geração de efluentes, emissões atmosféricas, emergências, emissões de energia e geração de resíduos sólidos. Os impactos ambientais decorrentes dos aspectos são: alteração da qualidade do solo, da água, do ar, diminuição de recursos naturais e perturbação à vizinhança. A avaliação de significância revelou que os impactos relacionados a efluentes, resíduos sólidos, óleo contaminado, emissões atmosféricas e ruídos são os mais significativos e, portanto, requerem mais atenção. A partir disso, foram sugeridas medidas mitigadoras com o objetivo de prevenir ou corrigir as ações geradoras de impactos. Dentre elas estão a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e a adoção de práticas como aproveitamento de água da chuva e redução no consumo de energia elétrica. O levantamento dos requisitos legais revelou 48 documentos, entre leis e normas, se referindo principalmente a resíduos sólidos, efluentes, qualidade do ar, poluição sonora e incêndio. Por fim, a política ambiental foi elaborada contendo os três compromissos básicos: proteção do meio ambiente com prevenção da poluição, atendimento aos requisitos legais e melhoria contínua do SGA com vistas a um aumento no desempenho ambiental da empresa. Apesar de a certificação para pequenas empresas ser pouco viável, a utilização da ISO 14.001 como ferramenta de planejamento pode ser útil e trazer visibilidade ao negócio, além de promover a mudança comportamental dos funcionários a partir do impulsionamento de práticas ambientais responsáveis. |