O ensino médio diante da "nova" condição juvenil: disputas e consensos em torno dos sentidos da escolaridade (2003-2016)

Abstract

Esta dissertação tem por objetivo analisar as mudanças propostas para o Ensino Médio durante os governos do Partido dos Trabalhadores (2003- 2016) em um contexto de conformação de uma ?nova? condição juvenil e de ampliação da obrigatoriedade da educação escolar. Nas últimas décadas, políticas de juventude foram concebidas adotando a compreensão de que a condição juvenil é constituída pela heterogeneidade dos sujeitos e formas diferenciadas de viver a juventude. Na educação, essa diversidade de ?juventudes? legitimou propostas de mudanças curriculares por meio do Programa Ensino Médio Inovador e das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que, segundo os documentos, fizeram-se necessárias para adequar a escola aos ?anseios e interesses? dos jovens. Trata-se de uma pesquisa documental e bibliográfica que analisa os pareceres do Conselho Nacional de Educação que aprovam estas mudanças curriculares, bem como um balanço bibliográfico da produção sobre juventude e ensino médio em anos recentes, com foco nos autores que contribuíram na elaboração das políticas do período analisado. Considerando que as políticas expressam o resultado do embate vivido por diferentes forças sociais e apropriações de ideias dos mais diversos grupos de forma a conquistar uma maior adesão ao projeto societal hegemônico, este trabalho discute que essas mudanças curriculares respondem aos novos sentidos e contornos conferidos à relação dos jovens com o mundo produtivo e com a escola. Sob o pretexto de garantir o direito à educação e atender à diversidade de anseios e expectativas dos jovens, as mudanças propostas criam a ilusão da democratização do ensino, mas não rompem com a dualidade estrutural que marca a educação, promovendo, assim, uma adequação dos jovens às novas demandas sociais e produtivas.<br>

Abstract : This study aims to analyze the changes proposed for secondary education throughout Workers' Party governments (2003-2016) in the context of conformation of a \"new\" youth condition and expansion of compulsory school education. In the last decades, youth policies were conceived by adopting the understanding that the youth condition is constituted by the heterogeneity of the subjects and different ways of living the youth. In education, this diversity of \"youths\" legitimized proposals for curricular changes through the Innovative Secondary Education Program and the new National Curriculum Guidelines for Secondary Education which, according to the documents, were necessary to adapt the school to the \"interests and expectations\" of the youth. Documental and bibliographical research were used to analyze the Educational National Council?s reports that approved those curricular changes. Also, a bibliographic balance on youth and secondary school in recent years were made, focusing on authors that actively contributed to the policy-making in the studied period. Considering that policies express the result of the struggle experienced by different social forces and the appropriation of ideas from the most diverse groups in order to achieve greater adherence to the hegemonic societal project, this work showed that these curricular changes answer the relationship between young people, the productive world and with the school. Under the pretext of guaranteeing the right to education and meeting the diversity of young people's expectations with multiple possibilities of schooling itineraries, the proposed changes create the illusion of the democratization of education, once they do not break with the structural duality that marks education and seek adapting young people to new social and productive demands.