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A vitivinicultura é tradicionalmente praticada no Brasil em regiões de colonização italiana, e a Serra Gaúcha é o ícone da atividade no país. No caso de São Joaquim, o cultivo de uvas viníferas iniciou-se recentemente, e em uma região sem qualquer tradição. A atividade foi implantada a partir de experimentos conduzidos pela EPAGRI desde 1991, os quais demonstraram o seu potencial edafoclimático à elaboração de vinhos finos. Esse potencial resulta da combinação de noites frias, que possibilitam a plena maturação dos frutos e um período mais seco na época da colheita, proporcionando uvas capazes de gerar vinhos com uma qualidade diferenciada dos demais vinhos brasileiros. Atualmente, São Joaquim é o município com a maior área plantada com uvas viníferas em Santa Catarina, entrando definitivamente para o mapa vitivinícola brasileiro. Localizado no planalto sul catarinense, possui uma altitude média de mil e trezentos metros acima do nível do mar e tem sua economia alicerçada na fruticultura de clima temperado (é terceiro produtor brasileiro de maçã). Apesar desta marca, apresenta um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais baixos do estado. Nesse contexto, a vitivinicultura é vista como uma atividade econômica promissora para o município. Assim, o presente trabalho teve por objetivo compreender a emergência e a trajetória da vitivinicultura no cenário rural de São Joaquim através da visão dos indivíduos que estão construindo essa nova região vitivinícola. Para tanto, lançou-se mão da pesquisa qualitativa através do estudo de caso, usando-se para a coleta de informações a entrevista semi-estruturada, composta de questionário (caracterização do produtor e da propriedade) e da entrevista propriamente dita. Foram entrevistados doze dos vinte e quatro vitivinicultores joaquinenses, somando noventa e oito hectares de vinhedos, ou seja, setenta por cento do total da área cultivada. O tamanho dos plantios variou entre um e vinte e quatro hectares, plantados basicamente com uvas tintas. O produtor de uvas joaquinense não tem experiência anterior no cultivo de uvas, o que é compensado buscando-se o conhecimento acumulado nas regiões mais tradicionais; é consciente que a qualidade de seu produto está ligada diretamente ao recurso específico de sua região e percebe a importância da existência de uma organização para garantir a preservação dessa qualidade e, conseqüentemente, a consolidação da atividade na região. Apesar do entusiasmo com a atividade, os entrevistados apontam diferentes entraves que dificultam a expansão da vitivinicultura, sendo os mais citados o custo de implantação do vinhedo, a falta de tradição da região na produção de uvas e vinhos e a escassa capacidade de associativismo da população local. Esses entraves são em parte compensados por um grande esforço de marketing para tornar o produto bem conhecido pelos consumidores. A trajetória da vitivinicultura em São Joaquim abre um leque de oportunidades para a sociedade local, com destaque ao desenvolvimento do Enoturismo na região e a formação de uma Indicação de Procedência para os vinhos produzidos na região, protegendo e valorizando o recurso natural específico desse local. |
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