Transformações na paisagem no Município de Imaruí, SC

Abstract

O presente estudo trata do Município de Imaruí e tem como objetivo principal a análise dos processos sócio-espaciais que promoveram mudanças em sua paisagem. Imaruí, distante 93 km de Florianópolis (SC) e peculiar por suas lagoas, foi ocupado por açorianos que se fixaram em Vila Nova a partir de 1749 e por lagunenses. Firmados em uma economia de pequena produção, os lavradores mantinham-se economicamente com produtos agrícolas e técnicas de plantio de seus antecedentes, com considerada exportação desses produtos, principalmente a farinha de mandioca. A partir da década de 1960, o desenvolvimento industrial no Estado de Santa Catarina atraiu parte da população para centros industriais como Joinville e Criciúma em busca de melhores condições de vida. As modalidades de pesca tradicionais, como a emenda, utilizada para o peixe e a pesca de espera, usado para o camarão, foram substituídas por formas de captura predatórias, introduzidas no início da década de 70, entre as quais o aviãozinho, o engodo e as de arrasto, com a conseqüente escassez do pescado, nos últimos anos. A grande quantidade de poluição recebida pelas lagoas também esvazia o setor. As áreas agrícola e pesqueira sofreram profundas transformações com o abandono das atividades tradicionais e com a introdução de novas. Na área rural, o cultivo da pastagem para criação do gado de leite e corte fez desaparecer os grandes plantios da mandioca e fumo, e tornou decadentes as unidades tradicionais de beneficiamento de produtos cultivados. A pastagem natural, por sua vez, vem sendo substituída por arroz irrigado e pelo cultivo de camarão em cativeiro. A paisagem do município, passível a essas transformações, altera-se de mudança em mudança processada pela ação humana na exploração de produtos da terra e do mar.