Abstract:
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A região Serrana de Santa Catarina, também conhecida como região de Lages, tem sido palco, nesta última década, do surgimento de organizações e movimentos sociais de cunho popular e classista. Trata-se de um processo atual de intensa transformação forjada na prática social destas organizações e movimentos, numa sociedade de longa história de dominação e submissão de classes sociais. O mandonismo local, o coronelismo, foram as relações sociais e políticas dominantes na região até por volta do início da década de 70 deste século. O surgimento do populismo nesta década de 70 começa a romper tal relação e abrir espaços à participação do "povo" nas decisões de interesse coletivo. A"Força do Povo" - administração municipal de Lages pela "Equipe Dirceu Carneiro" - foi a expressão maior desta política de participação popular na administração pública. Num contexto nacional de crise econômica e abertura politica, no início dos anos 80, o populismo em Lages é substituido pela tecnoburocracia. Uma ruptura que ajuda a forjar a emergência de organizações de classes populares. A Igreja Católica passa a ser o espaço principal da organização popular no município de Lages com extensão à toda região serrana - mesmo âmbito da dioceses de Lages. No âmbito da região serrana, em parceria com a Igreja Católica, o Centro Vianei de Educação Popular é um intelectual coletivo, mediador de forças concretas e mediador teórico articulado aos interesses das classes populares desta região - especialmente do campo - na luta pela construção de um projeto histórico, de hegemonia popular. A prática de mediação do Vianei implica imiscuir-se numa práxis social transformadora, onde o processo de transformação faz do sujeito, ao mesmo tempo, também objeto de contínua transformação. Assim, o Vianei - uma organização não governamental que presta assessoria - e os movimentos e organizações populares a que assessora, se constróem mútua e continuamente, num contexto de profundas contradições sociais, econômicas e políticas. |