Abstract:
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A geografia escolar encerra um discurso aparentemente neutro em que se destaca a dificuldade de articular satisfatoriamente a relação entre sociedade e natureza. Tratando tanto do meio natural quanto da sociedade, a geografia diferencia-se das demais ciências e apesar das possibilidades de dar conta da realidade por trabalhar as duas esferas que a compõem, dela se distancia por sua incapacidade de considerar o espaço como uma construção social. A forma fragmentária e dualista da geografia escolar explica-se em parte pelas relações entre esta disciplina e a expansão da escolaridade que são muito mais profundas do que se possa imaginar à primeira vista, pois tanto a geografia moderna como o sistema público de ensino são fruto do século XIX. Outra fonte para o entendimento da dualidade no interior da geografia é o estudo particular da história da Alemanha no século XIX, pois é neste país que florece a geografia moderna e que se dá a introdução desta ciência como disciplina escolar obrigatória na composição curricular dos três níveis de ensino. Razões históricas específicas de ordem material e ideológica, explicam o seu nascimento, apesar de abordar a problemática da dualidade homem-natureza no seio da geografia tradicional, o presente estudo demonstra sua presença muito além dos limites da própria geografia. No entanto Alexander von Humboldt e Karl Ritter, os primeiros formuladores da geografia moderna, em suas propostas teóricas, articulando geografia geral e geografia regional, propiciaram a sistematização do conhecimento geográfico e sua existência como ciência autônoma, conforme padrões modernos. |