Sim, elas existem!: meninas negras na rede de ensino privado em Florianópolis, experiências e trajetórias escolares

Abstract

Esta pesquisa analisa as trajetórias de meninas negras no contexto da educação privada, com foco em crianças do ensino fundamental I matriculadas em Florianópolis, SC. O estudo buscou identificar a influência dos marcadores sociais de raça e gênero na trajetória e nas experiências escolares das meninas. A metodologia adotada foi etnográfica, combinando dados qualitativos e quantitativos por meio de observações de campo, entrevistas e análise documental. Esse enfoque metodológico permitiu a análise das dinâmicas vivenciadas, estruturadas em três núcleos de análise: pertencimento racial, relações familiares e as relações no espaço escolar. O estudo destaca que a escola pode tanto reforçar desigualdades quanto se constituir como um espaço de transformação social. Ao discutir a importância da educação antirracista, a pesquisa propõe a implementação de práticas pedagógicas inclusivas, reconhecendo o papel fundamental da escola no processo de valorização das identidades raciais e de gênero. Além disso, a pesquisa aborda o conceito de ?infâncias?, destacando que os marcadores de raça, classe e gênero, interferem diretamente nas experiências e contextos nos quais as crianças encontram-se inseridas. A pesquisa oferece contribuições para o entendimento das desigualdades raciais e de gênero no ensino privado e aponta caminhos para uma educação mais inclusiva e transformadora.

Abstract: This research analyzes the trajectories of black girls in the context of private education, focusing on elementary school children enrolled in Florianópolis, SC, Brazil. The study aimed to identify the influence of social markers such as race and gender on girls' pedagogical processes and experiences. The methodology adopted was ethnographic, combining qualitative and quantitative data through field observations, interviews and documentary analysis. This methodological approach allowed the analysis of the dynamics experienced, structured into three centers of analysis: racial belonging, family relationships and interactions within the school environment. The study highlights that schools can both reinforce inequalities and constitute a space for transformation. By discussing the importance of anti-racist education, the research proposes the implementation of inclusive pedagogical practices, recognizing the fundamental role of the school in the process of valuing racial and gender identities.Furthermore, the research addresses the concept of \"childhood\", highlighting that the markers of race, class and gender differences directly interfere with the experiences and contexts in which children find themselves inserted.The research offers contributions to the understanding of racial and gender inequalities in private education and suggests pathways towards a more inclusive and transformative educational approch.