Análise das políticas de interiorização da Universidade Federal de Santa Catarina: hesitações, personalismo e improvisos

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Análise das políticas de interiorização da Universidade Federal de Santa Catarina: hesitações, personalismo e improvisos

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Title: Análise das políticas de interiorização da Universidade Federal de Santa Catarina: hesitações, personalismo e improvisos
Author: Alves, Kauê Tortato
Abstract: Analisamos, nesta pesquisa, as políticas de interiorização da educação superior pública nas primeiras décadas do século XXI, sendo que no locus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) destacou-se como política indutora o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Mobilizando uma epistemetodologia pluralista, utilizamos a abordagem dialética-materialista inspirada em Kosik e um estudo de caso único incorporado (Yin), conjugando diversos procedimentos empíricos, sendo os principais: entrevistas semiestruturadas e pesquisa documental. Realizamos a análise das políticas educacionais e sua territorialização utilizando a \"abordagem do ciclo de políticas\" e a \"teoria da atuação de políticas\" (Ball, S.J.). Inicialmente, investigamos como se estabeleceu historicamente a distribuição geográfica concentrada dos campi das universidades federais, o que se evidenciou como resultado de ciclos de expansão-reversão das universidades públicas. Com base na literatura, demonstramos a intencionalidade da concentração na dispersão geográfica da instalação dos campi universitários (unicampia) ao longo de ciclos de expansão do ensino superior no Brasil. Analisamos o contexto particular do Estado de Santa Catarina como expressão da atuação que remonta à historicidade das políticas Neoliberais. Consideramos o contexto empírico específico da interiorização da UFSC como o fenômeno típico de uma totalidade caracterizada por um contexto capitalista marcadamente periférico e dependente, cujos efeitos permeiam vidas, instituições e territórios e condicionam a recente atuação de uma política neodesenvolvimentista de interiorização. Na sequência, apresentamos o que recuperamos na produção acadêmica sobre o segundo ciclo de expansão das Instituições Federais de Ensino Superior, cuja expressão mais popularizada foi o Reuni. Sob essa lente teórica, a análise das entrevistas com os ex-gestores públicos responsáveis pela elaboração e atuação da política de interiorização da UFSC, no período de 2007 a 2016, proporcionou uma compreensão profunda de como foi sua construção, e quais foram seus condicionantes e suas possibilidades. Como resultados dessa práxis investigativa, descrevemos e discutimos como as relações de diferentes atores e contextos resultaram em uma textualização aberta da política no nível nacional, e no nível institucional essa política foi atuada mediante três diferentes traduções e interpretações levadas a termo por meio de uma estratégia de ?atuação por povoamento?. As distintas reformulações das traduções institucionais da política de interiorização foram fortemente marcadas por conflitos e relações de poder no campo da gestão universitária, entre os pares compostos pelos princípios republicanos e universitários da universalidade dos campos de saber, impessoalidade, planejamento e seus opostos dialéticos da vocação profissionalizante uni-disciplinar, da personalidade, perfil e/ou preferências subjetivas de cada coalisão de gestores/facilitadores e por improvisos determinados por contingências materiais. A pesquisa proporcionou uma compreensão aprofundada sobre os traços característicos da indução do Reuni em contraste com os traços decorrentes das relações de poder inerentes à história institucional. Em síntese, a interiorização da UFSC representou um marco significativo na democratização do acesso dos habitantes do interior do estado, mas sua adesão foi hesitante e sua atuação foi limitada por falhas estratégicas - limitação a uma vocação heterônoma, improviso e personalismo - que agravaram algumas precariedades típicas dos primeiros tempos e que podem prolongá-las, caso as comunidades universitárias do interior não envidarem esforços para formular projetos próprios visando superá-las.Abstract: In this research, we analyzed the policies of expanding public higher education into the interior regions during the first decades of the 21st century. At the Federal University of Santa Catarina (UFSC), the Support Program for Restructuring and Expansion Plans of Federal Universities (Reuni) emerged as a key policy driver. Adopting a pluralist epistemological and methodological framework, we used a dialectical-materialist approach inspired by Kosik and a single embedded case study (Yin), combining various empirical procedures, the main ones being semi-structured interviews and document analysis. We examined educational policies and their territorialization using the \"policy cycle approach\" and \"policy enactment theory\" (Ball, S.J.). Initially, we investigated how the historically concentrated geographic distribution of federal university campuses was established, revealing it as a result of cycles of expansion and contraction in public universities. Based on the literature, we demonstrated the intentionality behind the geographic concentration and dispersion of university campuses (unicampia) over these cycles of higher education expansion in Brazil. We analyzed the context of Santa Catarina as an expression of the neoliberal policy legacy. The empirical context of UFSC?s interiorization was viewed as a typical phenomenon of a capitalist periphery, whose effects permeate lives, institutions, and territories, conditioning the recent implementation of a interiorization policy at a neodevelopmentalist national context. Subsequently, we discussed the academic production regarding the second expansion cycle of Federal Higher Education Institutions, with Reuni as its most notable expression. Using this theoretical framework, we analyzed interviews with former public managers responsible for the formulation and implementation of UFSC?s interiorization policy between 2007 and 2016, providing a deep understanding of its construction, constraints, and possibilities. As a result of this investigative praxis, we described and discussed how the interactions among different actors and contexts resulted in an open textualization of the policy at the national level, while at the institutional level, it was enacted through three distinct translations and interpretations via a ?peopling policy? strategy of enactment. Here, the various reformulations of institutional interiorization policy were strongly marked by material contingencies and the personal influence of each coalition of managers/facilitators. These institutional policy translations were strongly marked by conflicts and power relations within university management, involving dialectical tensions between the republican and universal academic principles of universality, impersonality, and planning, and their opposites?unidisciplinary vocational focus, personalism, and material contingencies. The research provided an in-depth understanding of the specific traits of Reuni?s induction in contrast with the power dynamics embedded in institutional history. In summary, UFSC's interiorization marked a significant milestone in democratizing access to higher education for the state's inland inhabitants. However, its adoption was hesitant, and its implementation was limited by strategic shortcomings?dependency on heteronomous vocations, improvisation, and personalism?which aggravated early-stage precarities and may continue prolong them unless the staff of the campuses in the countryside develop their own projects to overcome them.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2024.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/262905
Date: 2024


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