Violência interpessoal em modalidades ginásticas: percepções de ex-ginastas vítimas e implicações na intervenção como treinadores

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Violência interpessoal em modalidades ginásticas: percepções de ex-ginastas vítimas e implicações na intervenção como treinadores

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Title: Violência interpessoal em modalidades ginásticas: percepções de ex-ginastas vítimas e implicações na intervenção como treinadores
Author: Oliveira, Lucas Machado de
Abstract: Atualmente, diversos casos de violência interpessoal na formação de jovens atletas têm sido alvo de debates na mídia e no ambiente acadêmico. Nas modalidades ginásticas de competição, esse cenário é ainda mais alarmante devido às características do processo de formação esportiva culturalmente firmado. O presente estudo tem como objetivo analisar as percepções de ex-atletas de modalidades ginásticas sobre a violência interpessoal em que foram submetidos e a sua atual intervenção pedagógica no papel de treinadores. Para isso, foi realizada uma pesquisa narrativa com três participantes recrutados de forma intencional devido à sensibilidade do objeto de estudo. Os critérios para participação do estudo incluíram: (1) ser ex-atleta de modalidades ginásticas competitivas; (2) ter experienciado situações de violência interpessoal durante o período em que foi atleta; (3) ser formado em Educação Física e (4) atuar profissionalmente como treinador de alguma modalidade ginástica. Utilizou-se a técnica da linha do tempo como elemento de apoio para condução de entrevistas semiestruturadas. Cada participante foi entrevistado duas vezes dentro de um intervalo de uma semana. A primeira entrevista intentou identificar as percepções dos participantes sobre as experiências de violência interpessoal vivenciadas quando ainda eram ginastas. Já a segunda entrevista buscou compreender a atual intervenção profissional dos participantes no papel de treinadores. O tratamento dos dados ocorreu por meio da análise temática reflexiva e os resultados foram apresentados no formato de vinhetas do tipo retrato. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Os resultados destacam que os participantes do estudo passaram por uma formação esportiva fundamentada na vivência de uma série de abusos físicos, psicológicos e negligências. Considerando isso, os participantes apresentaram diferentes formas de compreender a violência interpessoal vivenciada, sendo alocados em estágios de acordo com nível de profundidade da compreensão (conscientização, descoberta e normalização). Além disso, as condutas praticadas pelos participantes no papel de treinadores aparentam se distanciar daquelas que experienciaram quando atletas em função das diferentes formas de conceber e refletir sobre a violência interpessoal na ginástica, sendo classificadas nos estágios de transformação, reflexão e contradição. A relação observada no estudo sugere que os participantes com compreensões mais aprofundadas sobre a sua vivência com a violência interpessoal apresentam um maior potencial de conduzir a formação esportiva na ginástica de forma distinta da qual vivenciaram. Do contrário, a compreensão superficial da violência interpessoal na ginástica parece manter a reprodução de práticas abusivas. O engajamento em buscas por conhecimento intrapessoal e momentos de reflexão figuram um auxílio significativo na compreensão sobre a violência experienciada e na modificação da prática profissional. Esse conjunto de dados denota a importância da estruturação de processos formativos direcionados para os diversos agentes envolvimentos nas modalidades ginásticas, especialmente atletas, treinadores e pais.Abstract: Currently, several cases of interpersonal violence in the training of young athletes have been the subject of debate in the media and in the academic environment. In competitive gymnastics, this scenario is even more alarming due to the characteristics of the culturally established sports training process. This study aims to analyze the perceptions of former gymnastics athletes about the interpersonal violence they were subjected to and their current pedagogical intervention in their role as coaches. To this end, a narrative research was carried out with three participants recruited intentionally due to the sensitivity of the object of study. The criteria for taking part in the study included: (1) being a former competitive gymnastics athlete; (2) having experienced situations of interpersonal violence during the time as an athlete; (3) having a degree in Physical Education and (4) working professionally as a gymnastics coach. The timeline technique was used to support the semi-structured interviews. Each participant was interviewed twice within a one-week interval. The first interview aimed to identify the participants' perceptions about the experiences of interpersonal violence experienced when they were still gymnasts. The second interview sought to understand the participants' current professional intervention in the role of coach. The data was analyzed using reflective thematic analysis and the results were presented in the form of portrait vignettes. This study was approved by the Human Research Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina. The results highlight that participants underwent a sports training characterized by a series of physical and psychological abuse and neglect. Considering this, participants presented different ways of understanding the interpersonal violence experienced, being allocated into stages according to the level of depth of understanding (awareness, discovery and normalization). Moreover, participants' behaviors in their role as coaches appear to be different from those they experienced as athletes due to the different ways of conceiving and reflecting on interpersonal violence in gymnastics, being classified in the stages of transformation, reflection and contradiction. The relationship observed in the study suggests that participants with more in-depth understanding of their experience with interpersonal violence have a greater potential to conduct sports training in gymnastics in a different way from what they experienced. On the other hand, the superficial understanding of interpersonal violence in gymnastics seems to maintain the reproduction of abusive practices. Engaging in searches for intrapersonal knowledge and reflection significantly aids in understanding the violence experienced and modifying professional practice. This set of data denotes the importance of structuring training processes aimed at the various agents involved in gymnastics, especially athletes, coaches and parents.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Desportos, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Florianópolis, 2024.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/261261
Date: 2024


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