A cidade pós-pandêmica: percepções de moradores de Florianópolis e implicações para uma cidade mais humana, inteligente e sustentável

Abstract

Diversos desastres ao longo da história influenciaram os comportamentos das pessoas, refletindo-se também nas dinâmicas urbanas das cidades. Este estudo teve como objetivo entender como os impactos que ocorreram em escala global foram percebidos por moradores de Florianópolis. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura, seguida pela análise desses impactos na cidade de Florianópolis, estado de Santa Catarina, Brasil. Para complementar essa investigação, conduziu-se uma pesquisa por meio de um questionário online, o qual contou com a participação de 114 indivíduos, resultando em 112 respostas válidas. Os resultados revelam um aumento significativo no trabalho remoto, assim como a consolidação de hábitos como compras online, busca por espaços ao ar livre e atenção à saúde mental e bem-estar. A pesquisa também revelou que, mesmo após a adoção do trabalho remoto por parte da população, não foram percebidas melhorias no trânsito da cidade. Além disso, seus moradores apresentam preocupações com a segurança nas vias urbanas e a falta de infraestrutura adequada para ciclistas. A percepção dos moradores aponta para a falta de preparo da cidade para enfrentar futuras crises. Diante desse cenário, são sugeridas medidas para promover uma Florianópolis mais Humana, Inteligente e Sustentável. Estas incluem a avaliação de um sistema de transporte público adequado às necessidades da cidade e acessível a todos os bairros; um planejamento urbano que leve em consideração a opinião dos moradores da cidade, facilitado através das associações de moradores dos bairros de Florianópolis; a criação de infraestruturas que favoreçam outros meios de deslocamentos, como ciclovias e calçadas adequadas em todos os bairros; o direcionamento para que os bairros tornem-se cada vez mais centralizados, ou seja, que possuam as estruturas básicas para oferecer os serviços que os moradores precisam sem a necessidade de se deslocarem para o centro da cidade; e por fim, a criação de um grupo para a discussão de estratégias para tornar a cidade mais resiliente e preparada para lidar com futuros desafios, que vão desde as mudanças climáticas até a superlotação sofrida durante períodos de alta temporada.

Abstract: Several disasters throughout history have influenced people's behaviors, also reflecting in the urban dynamics of cities. This study aimed to understand how the impacts that occurred on a global scale were perceived by residents of Florianópolis. To achieve this, an integrative literature review was conducted, followed by an analysis of these impacts in the city of Florianópolis, state of Santa Catarina, Brazil. To complement this investigation, a survey was conducted through an online questionnaire, which had the participation of 114 individuals, resulting in 112 valid responses. The results reveal a significant increase in remote work, as well as the consolidation of habits such as online shopping, seeking outdoor spaces, and attention to mental health and well-being. The research also revealed that, even after the adoption of remote work by the population, no improvements in the city's traffic were perceived. Additionally, its residents express concerns about safety on urban roads and the lack of adequate infrastructure for cyclists. Residents' perception indicates the city's lack of preparedness to face future crises. In this scenario, measures are suggested to promote a more Human, Intelligent, and Sustainable Florianópolis. These include evaluating a public transportation system suitable for the city's needs and accessible to all neighborhoods; urban planning that considers the opinion of city residents, facilitated through neighborhood associations in Florianópolis; creating infrastructures that favor other means of transportation, such as bike lanes and suitable sidewalks in all neighborhoods; directing neighborhoods to become increasingly centralized, meaning they have the basic structures to offer the services residents need without the need to travel to the city center; and finally, creating a group to discuss strategies to make the city more resilient and prepared to deal with future challenges, ranging from climate change to overcrowding during high season periods.